Ponto cantado de Pombagira: como interpretar?

Do lado esquerdo temos uma imagem de Pombagira e do lado direito um trecho do ponto "O Homem que amava eu matei".

“Ponto cantado de Pombagira: como interpretar?” é a ÚLTIMA PARTE do resumo da Aula 05: “Pombagira, o que aprendemos com elas?” da Semana Teologia de Umbanda com Alexandre Cumino.

Em meio às narrativas e canções tradicionais da religião, os pontos cantados de Pombagira se destacam por trazerem metáforas intensas. Essas composições, repletas de simbologias, ilustram as vivências e desafios das mulheres, sobretudo em cenários de opressão patriarcal. Mas como podemos interpretar essas canções e compreender sua real essência? Por isso, nas próximas linhas vamos interpretar juntos alguns pontos cantados famosos em homagem às Guardiãs de Umbanda.

O Homem que eu amava eu matei

Sim, chorei,
Chorei…
O homem que eu amava,
Eu matei com sete facadas bem no coração.
Eu sou Maria Preta e não aceito traição

Ponto cantado: O Homem que eu amava eu matei

Embora possa parecer, esse ponto cantado não é uma alusão a um ato de violência real. De acordo com Maria Preta, a Pombagira que ampara o Alexandre Cumino, as “sete facadas” são simbólicas, indicando o término do amor que ela nutria. O homem a quem ela “assassinou” em seu íntimo era seu pai, figura que a feriu profundamente, levando-a a “exterminar” esse amor dentro de si, quebrando assim a conexão.

Lei da Inquisição

Foi condenada
Pela Lei da Inquisição
Para ser queimada viva
Sexta-Feira da Paixão
O padre rezava
E o povo acompanhava
Quanto mais o fogo ardia
Ela dava gargalhada

Ponto cantado: Lei da Inquisição

Esta passagem é uma metáfora da condição da mulher em uma sociedade patriarcal. Dessa forma, a mulher está constantemente sob o “fogo” da opressão, mas, apesar disso, ela ri e enfrenta, mostrando sua força e resiliência em meio às adversidades.

Ponto cantado – Cova 66

Eu hoje vou passar no cemitério
Sempre foi o maior mistério
Saber se ela mora lá
Cova 66 corredor 40
Padilha levantou
Eu quero ver quem aguenta.

Ponto cantado: Cova 66

Esse ponto retrata a morte e a ressurreição, mas não uma morte física. Simboliza a capacidade de superação dessas mulheres, que, apesar de enfrentarem brutalidades, continuam “vivas”. Assim, através da Pombagira, elas ecoam seus clamores por justiça e um futuro mais digno.

Em suma, os pontos cantados não devem ser tomados ao pé da letra. Eles são carregados de mensagens profundas, não só retrata as batalhas, como também a resiliências e aspirações das mulheres através dos tempos. Portanto, ao nos depararmos com esses pontos, é vital ir além das palavras e mergulhar em sua profunda essência.

Este artigo é a ÚLTIMA PARTE do resumo da Aula 05: “Pombagira, o que aprendemos com elas?” da Semana Teologia de Umbanda com Alexandre Cumino.

Texto: Sarah Gomes
Imagem: Umbanda EAD
Fonte de Pesquisa: Aula “Pombagira, o que aprendemos com elas?” da Semana Teologia de Umbanda de Agosto de 2023 apresentada por Alexandre Cumino e Júlia Pereira. (Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=G3O3LnzRsww)

Sarah Gomes

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