Umbanda acredita em que afinal?
Não é a intenção desse texto restringir a Umbanda a crenças particulares, mas sim levar ao conhecimento de todos. Umbandistas ou não, os fundamentos básicos existentes nas mais variadas formas de se ritualizar a Umbanda.
Aqui iremos discorrer sobre conceitos que permeiam a religião e que estão intrinsecamente ligado aos seus fundamentos.
Somos reencarnacionistas
Acreditamos que mesmo após a morte do corpo físico nesse plano, nosso espírito continua vivo e pode voltar a encarnar em algum outro momento. Pai Alexandre Cumino comenta sobre a questão da reencarnação na Umbanda no 14º Episódio da Jornada Teológica dizendo:
“Somos espíritos que encarnamos e reencarnamos muitas vezes e em diversas culturas. Em uma vida você foi branco, negro, brasileiro, europeu, americano, foi índio em determinada tradição e isso está ali na palavra do Caboclo das Sete Encruzilhadas do dia 15 de Novembro de 1908 ‘Se é preciso que eu tenha um nome, me chame Caboclo das Sete Encruzilhadas. O que você está vendo são reminiscências de outra vida em que eu fui Frei Gabriel de Malagrida, que fui queimado na Santa Inquisição por haver previsto o terremoto de Lisboa’.”
Somos reencarnacionista na base do discurso do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Mediunidade
A Umbanda é uma religião mediúnica, ou seja, entendemos que a comunicação com outros planos se dá por meio de sentidos sensoriais, ao qual considera-se que todo mundo possua. Esses sentidos podem ser vividos de diversas formas. Citemos aqui a psicografia, a psicometria, a clarividência, vidência dentre outras. Sendo a mais comum aos terreiros de Umbanda a mediunidade de incorporação.
Veja mais em: 12 tipos de Mediunidades presentes na Umbanda
Manifestação dos Espíritos
Consideramos a mediunidade um precedente na religião e nessa comunicação contemplamos a presença dos guias espirituais. Nossos guias são espíritos humanos, que atuam na Umbanda por amor e têm como propósito a promoção do bem e da caridade espiritual.
De Caboclo à Pombagira na Umbanda, só se pratica único e exclusivamente o bem.
Pai Alexandre Cumino
Veja mais sobre isso em: Uma palavra sobre a origem da Umbanda no plano astral
A Umbanda tem bíblia?
Não faz parte do rito umbandista a crença em uma escrita sagrada, entretanto, respeitamos e temos a liberdade para estudar os livros sagrados de todas as culturas. O sagrado para a Umbanda está na Criação. A natureza é o sagrado.. os animais, as pedras, as águas, as matas, o espaço, nós somos o sagrado.
É no convívio e no respeito com a criação que aprendemos o que norteia nossos princípios, porém, não temos uma cartilha descrevendo como fazer isso. Umbanda é uma religião livre.
Religião sem dogmas
Não temos um livro sagrado e tampouco dogmas ou regras de comportamento a se seguir. A Umbanda é uma religião livre e isso pode ser visto, no simples fato de cada terreiro ter e desenvolver seu trabalho espiritual resguardando-se em suas particularidades.
Cada terreiro assim como cada gira são únicos. Por isso, toda visita a uma casa de Umbanda é uma nova experiência. Não se repete e nem se iguala as outras manifestações.
Mas atenção:: não ter dogmas não significa que nessa estrutura não exista fundamentos e princípios que dão sentido a religião, mas sim que o que orienta (além dos seus ritos) a prática umbandista são regras claras e básicas de bom senso, de respeito ao próximo, de lucidez, de zelo à saúde mental, emocional, espiritual e física de nós mesmos. Basicamente, uma vida plena pautada nos princípios do amor em todas nossas ações e conduta.
Temos nossos próprios ritos (clique aqui leia sobre isso), mas não vivemos engessados em regras comportamentais e ditatórias, onde nas palavras de Pai Alexandre Cumino “a moralidade que você mostra é mais importante do que a ética que você tem”.
A liberdade é o dogma mais difícil a se seguir.
Pai Rodrigo Queiroz
Único Deus
A Umbanda é uma religião monoteísta, depositamos nosso culto e reverência a apenas um Deus, que pode ser chamado de nomes diferentes dependendo do terreiro. Entretanto, sempre será representado por uma só manifestação.
Um dos nomes mais comuns são Olorum, em outras vertentes pode-se encontrar Tupã, Zambi ou Olodumarê. Para o umbandista Deus é o Divino Criador, a grande Consciência Cósmica que dá origem a tudo e a todos e está em tudo e em todos, inclusive nos Orixás e em nós.
Orixás
Na Umbanda também presta-se o culto aos Orixás, que de uma maneira muito simplificada são as qualidades de Deus individualizadas e manifestadas por meio dessas divindades. Os Orixás cultuados na Umbanda não são os cultuados no Candomblé e religiões africanas. Partilhamos de nomes, humanizações e simbolismos dos considerados Deuses Orixás do panteão africano. Entretanto, para nós Ogum, Iansã, Oxóssi, Xangô…dentre outros são, cada um deles, um aspecto de Deus e não O Deus maior ou deuses.
Leia mais em: 7 LINHAS DE UMBANDA SÃO 7 ORIXÁS?
Sincretismo
Como dito anteriormente as divindades/Orixás como a essência de Deus manifestam as qualidades individualizadas do Criador. É por isso que quando pedimos por justiça por exemplo, rezamos a Xangô.
A energia que advém dele é diferente dos outros Orixás e suas vibrações trabalham no sentido do equilíbrio da vida. Contudo, todas essas vibrações têm origem na essência divina do Criador, portanto são em si uma das “faces” de Deus.
O mesmo acontece em outras culturas e religiões que possuem diferentes representações para cada qualidade de Deus.
Por isso, a mesma divindade e/ou qualidade ao qual nós chamamos de Oxum vai se manifestar quando o católico ou o umbandista clama pelo amor que irradia de Deus. A benção pode ser solicitada em frente a uma imagem de Maria ou apenas diante de uma vela, mas a vibração sentida é a do mistério, que corresponde ao amor que emana de Deus. Para nós, Mamãe Oxum.
Entendemos Deus como único e presente em todas as manifestações de fé, porém, cada uma delas vai personificar essas manifestações de uma forma.
Origem da Vida
Da onde viemos? A Umbanda explica isso também?
O conhecimento transmitido pelo Senhor Ogum Megê Sete Espadas da Lei e da Vida por meio da canalização de Pai Rubens Saraceni traz a nós a fundamentação da Gênese Umbandista que é a nossa explicação sobre a origem de todas as coisas.
Essa forma de entender o universo, os universos, dimensões e tudo o que existe por entre as realidades encontra relação nas pesquisas desenvolvidas pela ciência moderna.
Nesse contexto consideramos os estudos do físico teórico e cosmólogo britânico Stephen Hawking com A Teoria das Supercordas. A explicação sobre os fios energéticos (que não necessariamente são um tipo de energia elétrica ou nuclear) que vibram em infinitas frequências originando diferentes partículas, esbarram nas considerações feitas por meio de Pai Rubens Saraceni quando ele explica, que a criação tem origem em fatores emanados de Deus, que vão se transformando até se tornar em uma onda energética elementar.
Essa onda seria a hereditariedade do ser, a origem da vida e de tudo o que nos permeia.
Para saber mais sobre esse tema leia o artigo: A ORIGEM DA VIDA À LUZ DA UMBANDA
Jesus na Umbanda
Na Umbanda, mais precisamente na vertente que adota os estudos de Pai Rubens Saraceni, Jesus é uma divindade fatorada (recebeu de um Orixá a sua qualidade divina) por Oxalá. E assim podemos dizer que Cristo histórico é um filho de Oxalá.
Jesus na Umbanda é a luz solar. É a moral, o norte comportamental. A história de vida em qual nós podemos nos espelhar. São as manifestações de amor de Jesus que nos interessa. Por isso que na grande maioria dos terreiros, ele está representado de braços abertos e no lugar mais alto do Congá.
É a fé – mistério dessa manifestação – que justifica a existência de tudo. A partir do momento que você deposita fé em algo ela se torna realidade, por isso, dentro dessa hierarquia o mistério (fé) que a representação de Jesus emana está no alto e em primeiro lugar também nas 7 linhas de Umbanda.
Jesus portanto não é um ser humano que encarnou e reencarnou diversas vezes até atingir esse grau de evolução, como acreditam algumas crenças espíritas, mas uma divindade que se humanizou para usufruir da vida em terra.
Não é Oxalá Maior, mas um ser de outra natureza e realidade que se materializou e veio a esse plano e este sim podemos dizer que em missão, de trazer seus ensinamentos e legado ao qual a Umbanda reconhece e reverencia.
Ver sobre fatoração em: O QUE SIGNIFICA SER FILHO DE UM ORIXÁ?
Em suma..
Os tópicos acima buscam sintetizar as crenças consideradas genuinamente umbandistas. O Rito de Umbanda e o que vivenciamos dentro e fora de um terreiro são outras questões.
Se as suas indagações permeiam essas dúvidas primeiras sobre o que é a mediunidade, o que é incorporação, qual o significado dos santos no altar, quem são os espíritos, por que utilizamos certos gestos, qual o significado dos objetos e das reverências prestadas dentro do ambiente umbandista, então o Blog indica o estudo em Umbanda para Iniciantes, disponível nas assinaturas Umbanda EAD.
Nesse plano de ensino Pai Rodrigo Queiroz se concentra em destrinchar os aportes presenciados em um ambiente de Umbanda.
Mas se você está de passagem, buscando apenas entender sobre a crença depositada na Umbanda. Que esse texto mais do que esclarecido os principais conceitos da religião, tenha desmistificado ideias equivocadas sobre esta crença.
Umbanda é religião, e por excelência é A religião brasileira e sendo assim só pode praticar e disseminar o bem, o contrário disso NÃO é Umbanda.
Leitores, todos os links do texto são extensões dos assuntos comentados aqui e disponibilizados no Blog.
Salve a Umbanda! Salve a Luz que nos ilumina!
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Texto:
Júlia Pereira
Imagem:
Retirada da Internet (acesso)