Este é um dos questionamento, ainda muito presente entre adeptos da Umbanda e Candomblé.
Em um outro texto, selecionamos algumas das principais particularidades, que diferem cada uma dessas religiões. Destacamos em qual ponto elas convergem e outros, em que se distanciam.
No 05 de setembro algumas regiões do país celebraram o dia da Raça Brasileira. Aproveitaremos a data para refletir sobre a questão da Umbanda, ser uma religião afro-brasileira ou brasileira.
As políticas públicas que garantem os direitos dos adeptos da Umbanda, se encaixam nas leis que protegem as religiões afro-brasileiras. Neste sentido, há um conflito entre a concepção da Umbanda como uma religião brasileira. Nesta categoria “brasileira” podemos citar também o Daime – origem Amazônica -, o Catimbó, Tradição de Jurema – de origem nordestina – e que é também o encontro da mística portuguesa com o índio, dentre outras manifestações.
Bem como, sua classificação por sociólogos, estudiosos e até mesmo pelo Censo demográfico* como uma religião afro-brasileira.
*números usados pelo governo para a criação de políticas públicas e destinação de fundos
A Umbanda é “por excelência a mais brasileira de todas as religiões” e dizendo isso queremos expressar que a Umbanda manifesta brasilidade não só em sua formação. Resultado do encontro da religião do europeu, do índio e do africano, mas também pela representatividade que carrega até em sua manifestação mediúnica.
Um exemplo disso, é a Linha dos Baiano. Espíritos que se manifestam sob o arquétipo da figura do povo baiano. A linha que surge tempos após o aparecimento ou a popularização da religião (meados da déc 50 e 60). Expressa muito do Brasil festivo e da forma peculiar que o brasileiro tem de lidar com os problemas cotidianos.
O trabalho com os baianos, traz muito da sabedoria em forma de alegria. Da superação das desigualdades. Observamos neles a essência do “povo brasileiro”, que ao se manifestar no terreiro munido dessa personalização, saúda uma das nossas regionalizações.
O livro Das Macumbas à Umbanda aponta esse momento de “transição” do reconhecimento da Umbanda pelos intelectuais como uma religião genuinamente brasileira. A página 104 da obra de J. H. Motta de Oliveira ressalta a seguinte percepção “O umbandista José Álvares Pessoa alega que a Umbanda seria uma religião genuinamente brasileira, porque reúne as contribuições das três raças que conformam o povo brasileiro”. Motta de Oliveira também levanta a questão de que a religião surge espontaneamente em cada grupo que praticava a Umbanda (por mais simples que fossem).
Posteriormente ela foi se consolidando e unificando-se como religião. O autor continua pontuando as asserções de José Álvares Pessoa e destaca “Nela encontraríamos, “a experiência do branco, a tradição do índio e a magia do negro.” E porque refletiria, também, os anseios de um povo que “é cristão por princípio e sentimento, espírita por intuição e que adora as coisas da magia“.”
Portanto, dentro do culto hoje bem mais delineado e podemos dizer em partes “codificado”, entendemos a figura do Preto Velho como a influência dos povos africanos no Brasil, e por sua vez, na religião de Umbanda.
O mesmo acontece com o Caboclo que é a influência da cultura nativa nos terreiros, e olha só, a influência não é o mesmo que o resgate dessas culturas.
A influência estará presente nos ritos, no uso de elementos e até na linguagem, mas tudo isso será formatado em uma nova “roupagem” e um outro ambiente e com um novo sentido.
Consolida-se assim, o que já existia em Aruanda e que Pai Rodrigo Queiroz, no estudo Entidades de Umbanda vai tratar como Movimento Umbanda Astral. Enfim, esse já é assunto para outro post.
O que trazemos aqui é a reflexão da religião de Umbanda como um religião brasileira e não afro-brasileira. Quando dizemos afro-brasileira tratamos do resgate dos cultos praticados na África em um novo formato em solo brasileiro. Porém a Umbanda marca não só a união das tradições das três principais raças que formam o povo brasileiro. Mas também o momento que essas raças já aparecem miscigenadas, ou seja, já traduzidas como o bom e (não tão velho assim) brasileiro.
Por essas razões a Umbanda exprime a característica que nenhum outro país tem de tão forte como nós e que o processo histórico ocorrido aqui culminou.
A mistura de crenças, tradições, ritos, formas de aprender, de saber, de comer, de se divertir, de se vestir e outras inúmeras maneiras de manifestar a vida que encontramos pelo Brasil a fora!
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Texto:
Júlia Pereira
Imagem:
Pedro Belluomini
5 Comments
[…] a relação do orixá Oxalá e Jesus é pelo sincretismo que envolve e marca a Umbanda como autêntica religião brasileira que nós iremos destrinchar o […]
sim tambem concordo que a umbanda é totalmente brasileira, pois as culturas dos povos, pertencem a eles, e a umbanda se transformar constantemente, para uma evolução/conhecimento, o que acontece e são parecidos mas não totalmente iguais.(ritos,elementos utilizados).
Concordo que a Umbanda seja uma religião brasileira. No entanto, é considerada afrobrasileira pelo Culto aos Orixás que é de origem africana, os Orixás são Divindades do Panteão Africano, daí pesquisadores afrobrasileiros considerarem a Umbanda e o Candomblé, mesmo sendo praticados só no Brasil, serem religiões afrobrasileiras, justamente por terem as Divindades sustentadoras do trabalho, as mesmas Divindades do Panteão AFricano. É por este motivo também que para efeito de políticas públicas e histórico é considerado um culto afrobrasileiro, sendo genuinamente brasileira por sua prática ter sido iniciada no Brasil.
“A mistura de crenças, tradições, ritos, formas de aprender, de saber, de comer, de se divertir, de se vestir e outras inúmeras maneiras de manifestar a vida que encontramos pelo Brasil a fora!”
Tendo essa citação como base,gostaria de uma explicação séria e respeitosa, haja vista a competência das autoridades que fazem parte deste estudo, a cerca da “origem do ser humano segundo a Umbanda”. Meu filho de 10 anos me questionou e eu gostaria de poder responder com fonte segura.
Desde já agradeço e aguardo retorno
Grata Andréia.
Boa tarde Andreia, a origem dos seres denominada à nós como Gênese Divina de Umbanda Sagrada, não é um assunto que possa ser explicado por um comentário. Mas eu já escrevi algo aqui no blog sobre isso, neste texto > https://umbandaead.blog.br/2017/02/11/origem-da-vida-umbanda/ mais sobre isso, é apresentado durante Teologia de Umbanda e teorizado no livro Gênese Divina de Umbanda Sagrada > https://www.terramystica.com.br/genese-divina-de-umbanda-sagrada-o-livro-dos-tronos-de-deus < Axé irmã!