No final do ano passado a babalorixá do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, Mãe Stella de Oxóssi divulgou em sua coluna para o jornal A TARDE um texto em que se posicionava a favor de uma reformulação na forma de pensar as oferendas à Iemanjá nos dias em que se dá as comemoração da orixá.
Na ocasião ela afirmou que os filhos do Axé Opô Afonjá a partir de fevereiro deste ano iriam ofertar cânticos ao invés de flores, perfumes, barquinhas, espelhos dentre outros objetos que remetem a simbologia de Iemanjá.
Os ritos se fundamentam nos mitos e nestes estão guardados ensinamentos valorosos. O rito pode ser modificado, a essência dos mitos, jamais!
Mãe Stella de Oxóssi ao jornal A TARDE
Leia mais em: Iemanjá será presenteada com cânticos ao invés de oferendas
A notícia acima é recente mas a Revista Umbanda Sagrada, ano 1, ed.2 publicada no ano de 2008 já alertava em matéria assinada por Pai Rodrigo Queiroz sobre a consciência ambiental e o lixo umbandista. No texto o sacerdote e diretor do Umbanda EAD explica que a Umbanda é culto à NATUREZA e sendo assim, na oferenda deve-se usar o que é natural. “O saquinho plástico não é oferenda. A garrafa não é oferenda. Os descartáveis não são oferendas. Se a Umbanda vê a natureza como sagrado então deve-se preserva-la” aponta Pai Rodrigo Queiroz.
Trouxemos esse assunto hoje por dois motivos: no final do ano as comemorações e oferendas aos orixás se intensificam – principalmente na região litorânea do país – em razão das homenagens a Mãe Iemanjá, divindade das águas salgadas e também:: porque neste domingo (10/12) o André Hernandez, umbandista, morador de Praia Grande – SP e seguidor da página do Umbanda EAD denunciou via inbox o antes e depois da orla da praia após a comemoração da Festa de Mãe Iemanjá.
A tradicionalíssima festa que já chegou a reunir mais de um milhão de pessoas de todos os lugares do país, acontece – oficialmente – desde 1969, portanto, consideramos que estamos na 47º edição do evento que ainda continua reunindo mais de 30 mil pessoas em torno dos festejos à Iemanjá.
Como prova as imagens abaixo mesmo depois de tanto tempo, o debate sobre os deveres com o meio ambiente de quem realiza suas oferendas (seja ele umbandista ou não) ainda se encontra tão necessário.
Como dito acima nem sempre o lixo deixado para trás após um evento como esse é necessariamente do umbandista, mas o que acontece hoje e o que também explica Pai Rodrigo na matéria citada é que a imagem do umbandista já foi manchada por esse tipo de situação e por isso devemos estabelecer um posicionamento firme e limpo sobre essa questão “precisamos erradicar o contra-senso da má prática ofertatória. Para só depois conseguir mudar a imagem social do umbandista” afirma.
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Ao final do desabafo Andre Hernandez questiona “será mesmo que é isso que nossa Mãe Iemanjá deseja que seja feito em sua casa?”
Bom, vamos refletir sobre isso nos próximos dias e abrir o debate não só com a comunidade umbandista, mas com a sociedade em geral, e o mais importante: vamos ser zelosos com o nosso ato de oferendar. O modo como se executa o trabalho também é a forma com que ele vai retornar à você. Então faça tudo com calma, tranquilidade, cuidado e higiene – esses são aspectos imprescindíveis para um bom trabalho.
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Lamentável que ainda a consciência ambiental seja menosprezada justamente por aqueles que seguem a religião umbandista que ao meu ver é a religião que têm os elementos da natureza como um dos pilares de seu fundamento.
Sabemos que o exemplo arrasta e creio que se deva levantar um movimento forte junto a toda a religião e seus seguidores para que tenham a responsabilidade com tudo que ofertam em lugares públicos preservando a natureza e o respeito a aqueles outros irmãos seguidores ou não que desfrutam destes lugares públicos.
A religião precisa evoluir com o planeta, barquinhos de isopor, garrafas plásticos sujam! até flores, se vc pensar uma flor nao irá causar nada, mas 30mil num dia causará.. Cultuamos a natureza temos que parar de sujar matas, cachoeiras, encruzilhadas, rios e mares.. No mínimo solte as pétalas de rosa do cabo e o destine de volta a uma mata onde poderá virar adubo.. Vamos amar o nosso planeta, pois é ele que movimenta as energias. Na verdade isso vale para o dia dia, nao so nas festividades..