No terreiro de Preto Velho iaiá
Vamos Saravá (a quem meu pai?)
XangôYaô – Pixinguinha
No último final de semana foi aplicado o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que possibilita o ingresso de brasileiros ao ensino superior. Como em todos os anos houve concorrentes atrasados, e para estes, um time de fotógrafos e jornalistas registrando o momento importuno. Esses acontecimentos preenchem as manchetes dos veículos de comunicação todos os anos.
Também teve quem estava apreensivo e os que permaneciam confiantes. Mas, tirando a hora a mais de prova concedida em razão da redação, o que esperava-se para o exame era o mesmo de sempre.
Relembrando o Enem do ano anterior, observa-se que em meio a tantos picos polêmicos de 2014, o exame trouxe como tema de redação, a publicidade infantil, assunto pouco comentado na época. Para o sucesso da prova esse tipo de incongruência não aconteceu neste final de semana.
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Com tema da redação pedindo para que fosse dissertado sobre a violência sofrida contra mulher na sociedade brasileira, a prova levantou entre essa tantas outras questões pertinentes e significativas. O exame também citou Simone Beauvoir, filósofa francesa e militante feminista. A pergunta sugeriu a questão de gênero que vem sendo discutida constantemente entre sociedade e representantes políticos.
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Para a supresa de muita gente, este ano também foi inserido na prova a menção a cultura afro-brasileira. O assunto abordado questionava em como a língua usada interage com a manutenção da cultura africana no país. Para isso, utilizou-se da música Yaô composta por Pixinguinha, que mescla elementos da língua iorubá e o português.
Yaô dentro do Candomblé refere-se aos filhos de santos já iniciados dentro da religião. Mas, não só o Candomblé, como todas as crenças que tem a tradição ao culto dos Orixás se viram representadas na questão que cita Oxalá, Ogum, Iemanjá dentre outras divindades.
5,8 milhões (1,9 milhão não compareceram) de brasileiros fizeram o exame deste ano e mesmo os que se surpreenderam com as novas temáticas, leram e responderam sobre. Nas redes sociais algumas pessoas levantam questionamentos defendendo a ideia de que assuntos como estes não são debatidos nas salas de aulas do ensino público e isso coloca esse segmento de estudante em desvantagem.
A página Feminismo Sem Demagogia, se manifestou através de uma de suas administradoras e professora de rede pública Verinha Dias, “O Enem falar sobre nossas pautas legitima nosso discurso. Desculpa se alguém não acha isso importante, mas eu acho. Mas, mesmo assim reivindico que a escola pública faça esta discussão para que tenhamos menos pessoas surpresas no Enem“. A página é destinada a luta pelo feminismo de gênero, raça e classe e a professora se refere a primeira questão da prova que questionava sobre questões de gênero.
Confira a música Yaô de Pixinguinha:
Texto: Júlia Pereira
Foto do cantor: Retirada do site Uol