Nem se fosse possível conseguiríamos descrever todos os benefícios da incorporação, pois cada pessoa recebe essa manifestação à sua maneira, o que traremos hoje para os leitores são 3 benefícios comuns – e uma breve explicação sobre a atuação de cada um deles – da incorporação na vida do médium.
Se você viveu ou vive algumas dessas experiências, comente e compartilhe conosco!
Explicações sobre a mediunidade
O momento de êxtase que o médium sente ao incorporar, se assemelha ao que acontece em outras denominações religiosas. Vamos a um exemplo, que torna essa situação um pouco mais palpável a nós..
Quando um católico ou mesmo um evangélico diz ter sentido a presença do espírito santo em seu corpo, ele está percebendo e vivenciando um dos seus sentidos que caracteriza a mediunidade dele.
Claro que cada fluxo religioso comporta uma estrutura vibracional que estará ancorada em suas capacidades e inclinações, mas essas sensações, quando reais, são o o que podemos chamar de êxtase religioso ou mesmo a manifestação da divindade naquele indivíduo.
“É como visitar uma cachoeira [..] O outro pode visitar a mesma cachoeira e mesmo assim não terá uma experiência igual, porque ele é outra pessoa mergulhada em outra água que flui no mesmo lugar.”
Médium, Incorporação não é Possessão,
Alexandre Cumino.
Pai Rodrigo Queiroz também fala sobre isso no estudo on-line Mediunidade na Umbanda “nós acreditamos que a mediunidade que se manifesta nos terreiros de Umbanda, faz parte do que chamamos de mediunismo umbandista ou mediunidade de terreiro. A pessoa que nasce com essa ‘modalidade’ de mediunidade é diferente de qualquer outro tipo de mediunidade presente em outros segmentos.”
Bom, entendido que cada pessoa comporta um tipo de mediunidade e que ela é também algo ancestral ou ao menos natural do ser, nós temos dentro desse contexto os benefícios que a mediunidade de incorporação traz apara o médium de Umbanda:
1 ) Alívio de questões emocionais
A mediunidade pode ser uma das vias que o médium encontrará para exteriorizar todos os sentimentos “pesados” que ela carrega consigo.
Pai Rodrigo Queiroz exemplifica isso dizendo sobre o trabalho de socorrismo que acontece em alguns terreiros. Conhecido como “puxada” o trabalho consiste no médium incorporar o espírito obsessor que o consulente carrega em seu campo espiritual e desta forma deixar que os guias presentes o encaminhem e tratem da situação.
O sacerdote explica que durante a incorporação desse obsessor, o médium pode exteriorizar diversas emoções próprio espírito como chorar, gritar e etc. Entretanto esses sentimentos, podem se juntar aos sentimentos “aprisionados” do próprio médium e nesse momento as angústias, mágoas, tristezas que estavam sufocadas encontram um meio de extravasar.
“Não necessariamente os dilemas são iguais, mas a dor da angústia muitas vezes é a dor existencial e nesse momento isso vai ser desencadeado..o médium então, se sente muito aliviado e ele não entende porque está se sentindo tão aliviado. Não é só uma sensação de espiritualmente limpo e leve, mas há uma sensação de alívio interior”
Pai Rodrigo Queiroz
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2 ) Visão e Conceitos
A experiência mediúnica traz consigo a capacidade de entender o outro, a chamada empatia, palavra muito usada atualmente, mas que pouco se vê sendo colocada em prática.
Na definição do dicionário Michaelis empatia sugere um estado de espírito, no qual a pessoa se identifica com a outra, ou seja, sente o que ela está sentindo, vê com os olhos do outro e se compadece do problema alheio.
Como isso acontece no atendimento?
Um exemplo disso, é quando o consulente chega à entidade com suas falhas e perturbações mais íntimas, que muitas vezes pode parecer estranhas ou deslocadas da realidade do médium, passíveis até mesmo de julgamento por parte deste, mas que naquele momento é desconstruído pela experiência do atendimento. Guia, consulente e médium naquele instante estabelecem uma relação, o médium aprende e se permite a perceber com outros olhos uma realidade antes nunca entendida por ele.
Para exemplificar esse contexto usaremos uma passagem do estudo on-line sobre Mediunidade na Umbanda descrita por Pai Rodrigo Queiroz:
Uma vez, há muitos anos, eu estava no começo do meu exercício mediúnico, incorporado com meu Preto-Velho Pai João de Angola e chegou uma consulente na frente dele e falou “pai, eu vim aqui pedir a bênção, pedir para que vos me proteja porque eu sou garota de programa, essa vida é muito arriscada e eu queria a sua proteção”.
Eu, quando escutei aquilo eu senti um negócio, não sabia como reagir porque eu não tinha que reagir, quem tem que reagir é o Preto-Velho então eu respirei, tentei segurar a onda porque naquela época eu tinha uma ideia preconceituosa “quem é garota de programa vai para o inferno e tem que se salvar” e o Pai João a abençoou, não falou nada se ela estava certa ou errada, ele deu a bênção, a benzeu e falou “se cuide filha, siga em paz”.
A experiência mediúnica propõe as pessoas esses sentimentos: autoavaliação, revisão e o entendimento de conceitos e juízos pré concebidos, muitas vezes estagnados e fechados a novas percepções. O sacerdote continua dizendo que esse episódio o fez estudar, buscar informações e compreender mais aquela situação, ou seja, a situação em que o outro se encontra, confirmando o que nós citamos no início desse tópico, a empatia.
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3) Estados de Consciência Profundos
Aqui falaremos sobre a manifestação dos Orixás. Pai Alexandre Cumino fala sobre isso no livro já citado Incorporação não é Possessão “Por meio do transe é possível alcançar os estados de consciência mais profundos do ser e no caso da incorporação de Orixá, fica mais evidente esta relação” explica.
A citação acima refere-se ao modo que o transe de Orixá acontece, nele o médium manifesta apenas danças, gestos, movimentos ritualísticos e emite alguns sons, mas não há um diálogo. Recapitulando, transe de Orixá é diferente da incorporação das entidades de trabalho, é outra estrutura, função e vibração estabelecida. Saiba mais sobre isso no texto: QUEM SÃO OS ORIXÁS QUE INCORPORAM NA UMBANDA?
O transe de Orixá atua no médium de forma mais direta e isso se dá em razão do padrão de vibratório de energia que é estabelecido nessa incorporação. Desta forma, o médium tem sensações (e pode exterioriza-las) que estão além de sua vivência racional, consciencial e cultural.
Como dito pelo sacerdote, o transe consegue ativar os sentimentos mais profundos do médium, trazendo à tona os mistérios que comungam com o Orixá manifestado. Desta forma, a incorporação do Orixá consegue relacionar coisas do íntimo do médium com a divindade, possibilitando assim um autoconhecimento e de sua realidade.
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Texto:
Júlia Pereira
Imagem:
Pedro Belluomini