No dia da Juventude do Brasil, o Umbanda EAD chama para a Campanha Jovem Negro Vivo, que está unindo assinaturas afim, de dar visibilidade a taxa de homicídios praticados contra jovens negros no país
A intenção é que autoridades assegurem a esses jovens, o direito a uma vida livre de preconceito e violência. Para isso é pedido que governos desenvolvam e coloquem em prática políticas públicas que abarquem a educação, cultura, trabalho dentre outros aspectos importantes a causa.
Ver: Queremos ver os jovens vivos!
Para isso, o manifesto da Anistia Internacional conta com o relatório “Você matou meu filho” – homicídios cometidos pela polícia militar no Rio de Janeiro. A pesquisa foi elaborada tendo em vista homicídios ocorridos nos anos de 2014 e 2015 entre outros dados de anos anteriores. As coletas de entrevistas, registros de ocorrências, atestados de óbitos e outras comprovações foram realizadas na Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e em especial na favela de Acari-RJ. Os dados apontam para indícios de execuções extrajudiciais, onde o uso da Polícia Militar (PM) se fez abusivo.
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O estado do Rio de Janeiro apresenta número elevado de atos da PM classificados como auto de resistência*. A quantidade de pessoas assassinadas pela corporação chega a significativos 15,6% dos homicídios na cidade. No dia em que se comemora a Data da Juventude do Brasil também é importante que se lembre que em 2012, 56 mil pessoas foram mortas no país, desse número mais da metade eram jovens entre 15 e 29 anos, e deles 77% negros. Através do relatório é possível ver com mais nitidez a representação da discriminação racial fortemente presente no país, e que dizima jovens brasileiros especialmente negros, todos os dias.
Relatório da Anistia Internacional: “Você matou meu filho” – homicídios cometidos pela polícia militar no Rio de Janeiro
Mais do que índices, essas mortes tipificam a forma com que uma instituição que deveria proteger, exclui e minimiza igualdades. Essa violência, hoje em dia é aceita pela sociedade muitas vezes acompanhados do discurso de que a pessoa que foi morta “mereceu”. E pautados em pré concepções seguem apoiando esses crimes. O que é necessário entender, é que quando um PM mata um indivíduo pela cor da sua pele, ele não está protegendo, nem evitando que a criminalidade aconteça. Pelo contrário, [haja visto o número crescente de homicídios no país citado anteriormente] ele corrobora para um círculo de violência e um cenário de guerra, colocando o Brasil como o país que tem mais homicídios do que os 12 maiores conflitos do mundo. Essas estatísticas têm uma mira e o alvo é o jovem, do sexo masculino e de pele escura.
Quem idealiza exterminar determinado segmento da população, põe ponto final na vida daqueles que ainda não conquistaram seu espaço na história e construção do país. Tão pouco tiveram tempo de reagir a maioria das ações. Por essa chance, pela igualdade de direitos e pelo respeito é que a Campanha Jovem Negro Vivo, reúne assinaturas com o intuito de viabilizar a causa, mobilizar sociedade e juntos cobrar medidas de governos e estado.
“Eu escutei só um estouro e um grito dele: Mãe! Nisso eu corri para o lado de fora e me deparei com aquela cena horrível do meu filho lá caído”. Terezinha de Jesus, Mãe do garoto Eduardo, 10 anos, morto pela polícia na porta de casa, em Abril de 2015.
*“autos de resistência”- registros administrativos de ocorrência realizados pela Polícia Civil, que faz uma classificação prévia do homicídio praticado por policiais, associando-o a uma excludente de ilicitude: legítima defesa do policial
Texto: Júlia Pereira