Incorporação e Chakras
Talvez uma das maiores dúvidas de médiuns incorporantes seja o que está acontecendo no momento que a entidade “vem em terra”.
Para explicar essa questão tomaremos o conceito dos chakras que segundo algumas filosofias são os centros energéticos existentes em nosso corpo, que têm como função distribuir energia prânica por meio dos seus canais, abastecendo nossos órgãos e sistemas.
Doenças físicas e emocionais são associadas ao desequilíbrio dessas energias vitais que formam os chakras, nessa perspectiva toda energia negativa acumulada é somatizada pelo corpo e podem ser transformadas em patologias, como o câncer.
Veja abaixo uma animação que explica a distribuição dos chakras:
Mecânica da Mediunidade de Incorporação
O ato de incorporar uma entidade consiste em fazer a conexão entre os chakras do médium e os do Guia.
Desta forma, no momento da incorporação nosso espírito continua habitando o corpo físico sem que haja a necessidade de se ceder esse lugar para que entidade possa trabalhar.
Ele entra no campo magnético do médium, irradiando sua energia nele.. o médium vai se acostumando com aquilo e depois ele (entidade) projeta um cordão do seu frontal na nuca que é o frontal do médium, realizando a conexão.
Pai Rodrigo Queiroz em estudo sobre Mediunidade na Umbanda
Neste momento o guia “acosta” (maneira popular de falar que a entidade está próxima do seu campo mediúnico) e o médium começa perceber algumas ocorrências em sua estrutura física.
Serão nesses minutos e segundos que antecedem a incorporação que sentimos um turbilhão de sensações: nervos que você nem sabia que existiam passam a vibrar pelo seu corpo, o coração eleva o batimento como se estivéssemos em meio a uma corrida, mãos e pés gelados, seu corpo já não tem o equilíbrio de antes, as pálpebras definem um perfeito tique nervoso, a visão começa ficar um pouco turva e às vezes desfocada nas laterais, acima da cabeça é possível notar um foco de luz que sai e se espalha pelo ambiente..
De uma coisa todos têm certeza: algo muito extraordinário está acontecendo ali. Talvez a melhor experiência de nossas vidas.
Corpo treme, alguns giram, outros tantos sentem um tranco, há também os mais discretos. Não importa a forma que se dá, o que importa agora é que o “plug” está conectado.
Homens e mulheres num êxtase religioso, Entidades manifestando seu sagrado.
Um pedacinho de Deus está em terra e dança, cumprimenta, conversa, saúda e se relaciona com cada um dos seus filhos.
A Umbanda ritualiza esse encontro.
Você ainda estará ali, consequentemente sua consciência também, quanto mais concentrado estiver maior será o aproveitando dessa experiência.
A concentração é o cabo de sustenção entre os plugins dos chakras do médium aos da entidade.
Incorporação é Parceria
Certa vez Pai Rodrigo Queiroz foi questionado sobre o que acontece depois daquela “sensação de infarto” sentida durante as giras e prontamente respondeu “deixa infartar!”.
A incorporação é parceria, entrega e toda uma disposição depositada num evento que acontece em suas entranhas.
O “deixar infartar” é deixar-se levar pelo o que vem a seguir, é sentir o outro que está agora junto de você e mais, que anima sua alma.
A partir dai pensa-se e age-se em conjunto, consulentes e médiuns estão em seu “Corpus Christi da Umbanda”, a comunhão com o que pra nós é a máxima expressão de Deus, está sendo vivida ali.
No momento da despedida de novo algumas sensações, o tremor volta, as pernas bambeiam e a entidade “canta pra subir”.
Pai Rodrigo explica esse processo no estudo Mediunidade na Umbanda dizendo que nosso corpo reage ao banho de energia que está recebendo “no momento da incorporação estamos na redoma magnética do guia, subjugado ao seu magnetismo e ligado aos seus cordões energéticos, ao desconectar acontece uma reação orgânica”.
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Junto disso ele também explica que as reações orgânicas são algo muito comum, sendo o bocejar a mais frequente “quando adentramos um espaço sagrado seja ele um terreiro ou até mesmo uma igreja, nosso corpo reage por estar em contato com uma energia diferente e por isso acontece o bocejo por exemplo“.
De uma maneira simplificada essa é a dinâmica de incorporação que acontece na Umbanda.
O medo normalmente habita o campo do desconhecido, portanto, conheça sua religião entenda seus múltiplos aspectos, viva seu mistério e se entregue à essas experiências!
Texto: Júlia Pereira
Imagem: Maria Fernanda Yamazato