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O assombro da morte. Afinal, do que temos medo?

morte

Por Pai Rodrigo Queiroz

A única certeza absoluta ao ser humano vivo é que a morte lhe acontecerá.

Muito diferente de qualquer outra espécie animal. O homem é o único que tem consciência de sua finitude e muito embora, a morte seja inevitável este é um fato que assombra a maioria de nós.

O assombro da morte é uma angústia natural e que desde sempre foi motivo de reflexão, objeto comum de investigação desde a filosofia primitiva. Platão dizia que “preocupar-se em morrer, é a boa via para filosofar”, pois filosofar, é um investigar da existência.

Observemos. Todos os pensadores da humanidade trataram deste tema em algum momento.

A morte portanto, é uma inquietação muito potencializada pelo fato de não haver aviso prévio de acontecer. Sabemos que é um fato, mas não sabemos quando acontecerá. Existe o medo da morte pelo medo de sentir dor. Medo do desconhecido. Medo de que as convicções que norteiam o indivíduo sobre a eternidade sejam um ledo engano ou mesmo o medo de separar-se de seus entes amados.

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Desta forma vemos um exagero de tempo dedicado em preparar-se para a morte. Tentando a bem da verdade estender o prazo do viver. Não que, querer garantir a longevidade seja ruim, muito pelo contrário, mas observamos um estender sem intensidade.

Penso que ter a consciência de morte, é um privilégio para nós que somos seres sociais. Numa perspectiva espiritual cremos que quando o corpo perece, o espírito alça um novo e velho voo, retornando para o plano espiritual. Portanto cabe-nos a preocupação, sobre com que qualidade levamos a vida que vivemos.

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“O que se leva da vida é a vida que leva”

Antoine de Saint Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe certa vez disse que “O que se leva da vida é a vida que leva”. Ao retornar para a pátria espiritual, cuide para que leve a memória de grandes e profundas experiências. É dado o sentido da vida aquelas experiências que nos tornam mais vivos e realizados. A vida portanto, é marcada por momentos de profundidade, quer sejam amargores de dor e medo, quer seja euforias de alegrias e lazer.

É importante que sinta o viver, que a vida não seja pequena, fútil e banal. Saber que a principal conquista a ser transportada além da morte, é o impacto do que a vida lhe causou e que seja bela, que tenha te oportunizado transcender. Sair deste contexto melhor do que chegou, ter deixado um mundo melhor do que encontrou.

Não levarás daqui um grão de conquistas materiais. Por isso, cuide para se sua saúde não se esvaia numa busca exacerbada de materialidade. Mesmo que a conquistas existam, cuide para que a herança não seja posterior a você, motivo de desavenças e rupturas familiares.

Certifique-se de que deixa uma lembrança viva de exemplo a ser seguido, de inspiração aos seus, aos que ficam e que gozarão de saudade terna pelo fato de ter deixado uma boa convivência.

Uma vida fútil e banal é quando o indivíduo vive para si, para seu próprio umbigo, seus próprios interesses e sua própria vaidade, é uma vida egoísta sem complementariedade.

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A vida é mais bem vivida quando o indivíduo transborda de si.

Quando seu existir transcende seu ego e suas necessidades também somam-se às necessidades do outro. Quando você é capaz de interagir com o outro numa somatória de contribuição ao seu entorno e ao seu próximo, já que este lhe é percebido como sua extensão. Quando seu interesse se acrescenta ao interesse do outro e assim se estabelece relacionamentos vívidos e duradouros num compartilhamento de reciprocidade coletiva e construtiva.

É quando você não existe só para si, mas vive para o todo.

Aquele que morre é lembrado pela vida que viveu, pelo que fez e falou, então avalie como está vivendo sua vida, que lembrança quer deixar? Pelo que será lembrado?

A morte é inevitável. Assim como o pôr do sol todos os dias é inevitável e se eu não temo o pôr do sol, é quase sem sentido o medo da morte.

Viva uma vida valorosa, preocupe-se em ser importante, não famoso, mas ter importância para alguém. Que a lembrança de sua existência seja viva, quando a morte acontecer e sempre estará vivo. Viva com profundidade e intensidade.

Sinta a vida pulsar em todas experiências para que quando o pôr de sua vida acontecer, não seja assim um assombro.

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Imagem:

Malagueta

 

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Júlia Pereira

Acredito no poder da sabedoria ancestral da contação de histórias, como forma de cura, acolhimento e força. • Jornalista • Estrategista e Copywriter • Pós-graduada em Marketing, Branding e Growth • Estudante da EAD Ubuntu.

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