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103 anos de Dorival Caymmi – a musicalidade brasileira que saúda os Orixás!

Hoje o cantor, compositor, pintor e ator brasileiro Dorival Caymmi faria 103 anos. De voz inconfundível, o filho do descendente italiano Dorival Henrique Caymmi e da mestiça de africano com português Stella Maris foi (e ainda é) uma das vozes mais influentes no país.

Inspirado na cultura baiana, mais precisamente no que diz respeito a afro-brasileiridade presença forte nos costumes baianos, Caymmi traz para o cenário da música popular brasileira a comida, a reza, a roupa, as divindades, o ritmo e o canto dos ilês e se destaca pela melodia cadenciada, comovente e emocionante de suas composições.

https://www.youtube.com/watch?v=3OmHJFJMnUo

Caymmi era filho de santo de Mãe Menininha de Gantois, ialorixá do terreiro baiano descendente da Casa Branca do Engenho Velho – considerada a primeira casa de Candomblé da Bahia.

Sua relação com a religiosidade afro-brasileira era tão forte que a fé o inspirou a diversas obras, dentre elas a “Oração de Mãe Menininha“, “Dois de Fevereiro”, “A lenda do Abaeté”, “Adalgisa” sem contar as pinturas e projetos que desenvolvia junto dos amigos e irmãos de fé Jorge Amado e Carybé.

No Gantois Caymmi exercia a função de Obá de Xangô, título honorífico do Candomblé criado no Axé Opó Afonjá por Mãe Aninha em 1936, esses títulos são concedidos aos amigos e protetores do Terreiro, e para cada um deles é incumbido uma função.

Em Bahia de Todos os Santos, Jorge Amado fala sobre a criação de Caymmi dizendo que “toda a obra musical de Caymmi nutre-se de um conhecimento total da vida popular, conhecimento vivido, pois o poeta não é senão o povo no momento supremo da criação.”

Continuando o capítulo dedicado a Caymmi, Amado ainda afirma:

 

“Os orixás da Bahia possuem seus favoritos, para eles reservam o dom da criação e a grandeza. Assim aconteceu com o moço Dorival Caymmi. Os orixás cumularam de talento e dignidade esse filho da grande mistura de raças que nas terras brasileiras se processou e se processa, criando uma cultura e uma civilização mestiças que são a nossa contribuição ao tesouro do humanismo.”

Jorge Amado em Bahia de Todos os Santos

 


 

Fontes de Pesquisa:
Bahia de Todos os Santos, Companhia das Letras, Jorge Amado.  
Wikipédia
Youtube
Museu Afro
 
Imagem: jobim.org

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Júlia Pereira

Acredito no poder da sabedoria ancestral da contação de histórias, como forma de cura, acolhimento e força. • Jornalista • Estrategista e Copywriter • Pós-graduada em Marketing, Branding e Growth • Estudante da EAD Ubuntu.

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