Existe amarração do amor na Umbanda?
Sim e não. Mas, como assim?
De uma maneira geral as ditas amarrações, sortilégios, magias e quaisquer que sejam as denominações que as pessoas dão para os feitos que remetem a “conquista” de um amor não correspondido à força: NÃO fazem parte de NENHUM preceito da Umbanda.
Então para essa pergunta temos um claro e sonoro: NÃO, amarração do amor não existe na Umbanda e sendo assim não contempla nenhum dos fundamentos da religião.
Desta forma se a sua intenção ao abrir esse texto foi encontrar um “feitiço” para trazer o amor em 3 dias, dessa vez o blog irá te decepcionar. Mas não desista tão cedo dessa leitura! Pode ser que aqui tenha algo que te traga maior esclarecimento sobre alguns aspectos da sua vida.
Bom, então já está claro que amarração de amor nada tem a ver com religião de Umbanda, porém isso não quer dizer que elas não existam, afinal de contas não é só umbandista que tem como hábito a prática e o manejo de magia.
Magia é um fato e algo com o qual as pessoas se relacionam mesmo sem saber. Acender uma vela por exemplo é um ato mágico que faz parte da ritualística de Umbanda. Seu uso e finalidade dentro da religião são sempre em benefício próprio ou de outro, porém nunca intencionando o prejuízo de algo.
Mas isso não nos excluí de ter a consciência e a noção de que velas são acesas em trabalhos negativos o tempo todo, portanto o ato magístico é algo neutro, não “escolhe” entre bem ou mal para se realizar.
Com isso posto, entendemos que quando o conhecimento do manejo de magias e receitas de encantamentos caem em mãos erradas se espalham deixando um lastro nem um pouco agradável.
Geralmente são vendidas como atalhos e soluções rápidas, na promessa ilusória de que sentimentos estão à venda.
É importante que isso esteja claro: não há como vender ou negociar amor ou qualquer que seja o sentimento. O que se compra quando se adquiri um trabalho desse gênero então são ilusões, atrações físicas, obsessões, mas nada que se relacione com amor e que traga felicidade plena.
As famosas amarrações então, tanto existem como se alimentam e crescem as custas das fraquezas e vaidades humanas. Mas isso de maneira alguma se relaciona com a Umbanda enquanto religião.
Quem está por trás de uma amarração? Ela consegue ter efeito?
Não há como generalizar os motivos pelo qual uma pessoa oferece esse tipo de ‘serviço’ mas, normalmente o que costuma-se ver é a exploração de pessoas espiritualmente abaladas, enfraquecidas e com o ego ferido que depositam suas esperanças e dinheiro, em alguém que se utiliza de conhecimento em magia e até mesmo da sua mediunidade para ganho material ou pelo poder sobre a vida do outro.
Para ilustrar um pouco as situações que esse tipo de trabalho pode ocasionar, vamos falar sobre o livro É preciso saber Viver, de Nilton de Almeida Junior.
A obra é fruto da vivência do autor como médium umbandista e traz grandes esclarecimentos sobre esse assunto, porém como para tudo, não deve ser visto como via de regra, mas sim como uma das formas com que o tema acontece. O livro proporciona uma visão mais ampla sobre essas situações e como elas ocorrem no plano espiritual.
Que fique claro também que o intuito desse post não é apedrejar e nem jogar na fogueira quem já caiu nesse tipo de armadilha, mas sim como já dito trazer esclarecimento e alertar para as consequências de tais escolhas.
É preciso se conscientizar sobre essas ações, sim, porém não só por medo das consequências e sim, porque realmente é entendido sobre a essência do que é o amor, a compaixão e a humildade e que essa essência não se encontra disponível em nenhum mercado de barganha.
A questão em que se levanta então é: se a impunidade reinasse e se nenhuma consequência caísse sobre quem prejudica outrem para conseguir o que quer, você recorreria a esses métodos?
Por isso o discernimento sobre o que é ou não pertinente é o que precisa ser levado em conta, após essa leitura. Amor próprio, sabedoria, moral, valores, integridade, honestidade e fé são algumas das palavras que envolvem esse discernimento.
É preciso saber viver (**alerta de spoilers**)
O enredo do livro tem como personagens principais duas jovens amigas Márcia e Marcela e um rapaz que comparta em si um ego inflado e uma consciência chula de suas ações, este é o André.
Na trama Márcia nutre um “amor” obsessivo por André. O rapaz por sua vez, se aproveita dos prazeres carnais, rs, que ela proporciona, porém não corresponde a nenhuma de suas expectativas amorosas, se relacionando inclusive com outras mulheres.
Nesse cenário, Marcela a amiga de Márcia, aconselha-a se desligar desse “relacionamento” conflituoso, na medida que também começa a descobrir sua mediunidade.
Márcia certa de seu “amor” por André ignora a esses conselhos e conduzida por um “mix” de curiosidade, futilidade e insegurança – já dando abertura a entidades negativas – procura um atalho para conquistar o coração do jovem.
Márcia decide então, pagar por um trabalho de amarração a uma vidente. Iracema – a vidente – por sua vez, exercia sua mediunidade de maneira desvirtuada.
Ao mesmo tempo que era obsidiada pelas entidades que trabalhavam com ela, também mantinha o seu ganho com as informações que essas entidades ofereciam sobre a vida (fraquezas) da pessoa que a procurava.
Nesse momento começa a saga de Márcia, Marcela e André. A obra relata com detalhes sobre os efeitos que o feitiço atingiu os dois jovens, que viviam uma vida já desregrada, facilitando a influências das entidades ruins.
Descreve também como a garota em seu ímpeto amoroso, acabou instalando a presença de Ingrid e Letícia – dois espíritos que se alimentavam de vícios em bebidas e libertinagem – entre os dois.
André já não conseguia se relacionar (fisicamente) com outras mulheres a não ser Márcia, mas mesmo assim não a amava, e pior que isso já começava a não suportá-la mais.
Márcia também já não se contentava com a relação vaga de sentimentos verdadeiros e fria que o dois viviam, e acaba caindo em depressão.
Essa relação se extende por um bom tempo e precisa ser desmanchada de alguma forma, mas isso só ocorrerá se os atingidos pelo trabalho derem o primeiro passo buscando por auxílio, e isso é o que Ingrid e Letícia tentam impedir de todas as formas.
Não iremos contar o final da trama, mas já adiantamos que Márcia e André encontram um longo caminho a percorrer, cheio de revelações, inclusive de vidas passadas.
Texto: Júlia Pereira
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