2017 já começa com o pé direito, na primeira quinzena do ano o Teatro Brigadeiro (São Paulo) recebe o 1º stand-up umbandista do Brasil: Humor de Santo.
No palco Paulo Mansur, comediante e administrador da página Papo da Banda (clique aqui e saiba mais) traz para o ambiente do teatro, para o universo das artes cênicas e mais precisamente para o humor a vivência e as características da religião de Umbanda.
Após temporada em Brasília e Curitiba o espetáculo inaugura a agenda deste ano em São Paulo capital. E pra quem é aluno do Umbanda EAD tem notícia boa por aí::
“Isso mesmo: Alunos Umbanda EAD pagam meia entrada em compras feitas na bilheteria. É só chegar na bilheteria e dizer que é aluno da Plataforma!” afirma Mansur.
Confira abaixo a entrevista exclusiva feita com o comediante sobre o que normalmente acontece durante os espetáculos::
Por Júlia Pereira
Blog: O seu público é somente de Umbandistas ou você consegue reconhecer outros segmentos?
Logicamente, pelo fato do Humor de Santo ser o primeiro Stand Up Umbandista do mundo Brasil, (ok. Eu ia falar do mundo? Ia. Mas vamos ser humildes né.) a maioria do meu público é da Umbanda e do Candomblé :O
Logo depois, vêm os kardecistas, católicos, agnósticos e, para minha surpresa (pelo menos a primeira surpresa), ateus.
“Ateus? Ele disse ateus?”, pergunta o leitor desavisado.
Sim, responde Paulo Mansur, com um leve sorriso enigmático. Muitos ateus vão ao Humor de Santo, riem, gargalham e se divertem.
Porém, (porque sempre tem um porém né, gente?) segue a surpresa número 2, que aliás, me surpreendeu mesmo:
(PAUSA PRA SURPRESA. Pausou?
Ok, volta pro texto.)
Até agora, não teve NENHUMA (ne-nhu-ma) sessão do Humor de Santo, que não contasse com pelo menos 5 evangélicos presentes.
E em TODOS (to-dos) os casos, após o show, eles vieram me cumprimentar, elogiaram o espetáculo e ressaltaram, (como eu faço no show), que somos todos filhos do mesmo Deus.
Sério. Olha que coisa linda de Jesus, terreiro! Olha, eu não sei você, caro leitor…
Mas por essa eu não esperava.
Blog: Como você trabalha a questão de desenvolver um texto que seja compreendido por públicos variados? Quais são os elementos usados?
Então. Essa é uma das questões que mais me preocupou durante a criação do espetáculo.
Não, stand up não é improviso.
É pensado, roterizado, estudado, testado, retestado, refeito, cortado, limado para aí sim ser apresentado, e aí…começa todo esse processo de novo.
Quando criei o Humor de Santo, sempre tive muito claramente na minha cabeça: “Não quero um show “catequizador” (odeio gente que tenta te converter), mas também não quero um show exclusivista.” Eu quero que quem vá ao Humor de Santo, tenha uma excelente noite, que ria muito, e fale como a noite foi agradável e divertida. E pouco me importa de onde essa pessoa veio, sua religião, ou qualquer outra coisa. No meu espetáculo, ela é meu público, sou absurdamente grato por cada um que aparece lá, e quero oferecer o melhor que posso naquele momento.
Depois que estreou o Humor de Santo, eu comecei a me perguntar: “Será que vai dar certo?”
(Eu falo comigo mesmo. O tempo todo. Aliás, são 3 da manhã e eu to escrevendo esse texto, falando comigo mesmo. Meu papagaio deve achar que eu sou louco. E eu devo ser louco mesmo. Eu não tenho papagaio. Então.. com quem to falando? Sabia que tinha coisa a mais naquele Narguilê..)
Enfim.. o Humor de Santo deu certo. Tem dado certo. E com a força dos Orixás, continuará dando certo.
Porque onde existe amor, existe Deus. E existe amor nesse projeto, viu 🙂
Blog: Qual é a maior preocupação do Humor de Santo? Qual é a mensagem que vocês pretendem passar?
A maior preocupação é, e sempre será, retratar a Umbanda com amor. Amor, honestidade e verdead (eu escrevi assim mesmo. O site é Umbanda EAD, eu escrevi verdead. Eu sou um fofo). E dentro desse amor pela Umbanda, trazer o que ela de melhor me trouxe: a noção de que somos todos um, em evolução e crescimento. Somos, como Raphael Alves falou, no Café com Axé, milhões de seres humanos, cada um com sua verdade, vinda do mesmo Deus. O meu, o seu, o nosso. E eu bato nessa tecla durante o show. Não tem porque nos tratarmos diferentes, se somos iguais, se somos irmãos.
E eu também quis falar de Umbanda com Humor. Por que? Por 2 motivos:
1 – O humor abre portas
Vou confessar uma coisa: eu não sei nada sobre dentes . Ok, sei que eles doem. Mas não é um assunto que me interessa, e francamente, eu posso passar minha existência inteira pouco “mimi fufu” sobre dentes. Mas eu gosto de rir. Ah, gosto. Me gusta. E te digo: se alguem conseguir fazer um stand up engraçado o suficiente para me fazer rir falando de dentes, automaticamente, vai fazer o assunto interessante pra mim. Pode ser que eu nunca estude sobre dentes, mas eu sei que eles existem, e que tem coisa interessante lá. Tire “dentes” e ponha “Umbanda”. Já faz mais sentido, né?
2 – O humor ensina, elucida e quebra conceitos
“Muda-se muito mais o mundo através de riso do que de guerras.” Thomas Edson.
Mentira, inventei essa frase agora. Mas se eu falasse que a frase era de Paulo Mansur, ninguém ia ver a genialidade dela.
Pra explicar como o humor quebra conceitos, voltemos ao o exemplo de cima. Dentes. Novamente, não é um assunto que me interessa.
Mas se esse cara chega lá, faz o stand up dele sobre esse assunto que não me interessa, vence minha barreira inicial, e me faz rir, ele muda a minha opinião. Não sobre ele, o palestrante. Ele muda minha opinião sobre DENTES!
Falando de Umbanda agora: um nome mal compreendido no nosso Brasilzão véi de meu Deus é “Exu”. Todos sabemos disso. Se eu, eu mesmo, Paulo Mansur, chegar na rua hoje pra qualquer pessoa e falar : “Vamos falar de Exu?”, é capaz da pessoa fugir de mim. E vou dizer: eu sou LINDO, não to acostumado com as pessoas fugindo de mim.
Agora, se essa mesma pessoa que fugiria na rua sentasse em um teatro, e me escutasse falar de Exu como quem fala de futebol, e visse que ninguém em volta tava fugindo, se visse que ninguém ta correndo atrás das virgens pra matar (até porque, em pleno 2017, virgem só dvd), eventualmente, ela também ia rir. E ela ia perceber a realidade: Exu não é medonho. Quebrou-se um conceito pelo riso.
Blog: Sobre suas apresentações: como tem sido o retorno da galera?
Cara, excelente. Mesmo..
É importante dizer que a arte não é estática. E a comédia menos ainda. O que é engraçado, risível, muda muito rapidamente, e por isso, o Humor de Santo está (e sempre estará, na força de Exu), em eterna mudança. As coisas vão sendo alteradas, tanto pelo tempo, quanto pela minha vontade, já que eu sou um eterno insatisfeito. Não me canso de mudar, de pensar, de fazer piadas e de rir e fazer rir. Em termos de resposta de público, sou um afortunado: o público não apenas lota o show. O público está com o coração presente, e isso é lindo de ver. Eles QUEREM estar lá. Eles estão lá pela Umbanda. Eles amam a Umbanda e isso fica claro a cada momento do show. Todas as apresentações do Humor de Santo têm sido maravilhosas. Eu só tenho a agradecer, realmente.
Sou afortunado. Peço agô nesse momento para um Momento Gratiluz.
É complicado descrever a gratidão que eu sinto por esse projeto e por todos que o abraçaram com um simples obrigado.
Mas vou fazer do mesmo jeito 😀
À Carol, minha companheira amada, minha parceira.
A meus irmãos do Setebelos, que em Brasília me ensinaram tudo que sei de comédia (a culpa é deles).
Aos irmãos de fé, de Brasília.
Aos irmãos do Café com Axé, ao Rodrigo do Umbanda EAD e toda à sua equipe.
À todos os que, como eu, amam a Umbanda e dão o seu melhor para serem úteis. E, pra fechar com chave de ouro, a meus guias, todo o meu amor e devoção.
Que as forças do alto se espalhem sobre todos nós, e que nos deêm força nessa caminhada mucho loka chamada vida.
Serviço:
Dias 14 e 15 de Janeiro de 2017
Teatro Brigadeiro
Av. Brig. Luis Antônio,884, Bela Vista
Ajude quem precisa!
Meia entrada para doadores de 1 kg de alimentos não perecíveis, agasalhos, fraldas (adulto e infantil) e materiais de consultório (gaze,luvas cirúrgicas e esparadrapo)
Classificação indicativa: 12 anos
INFORMAÇÕES : 11. 3115-2637 / 11. 3107.5774
Poster de divulgação: Carol Vianna