Origem indígena da Umbanda por Alexandre Cumino

"Estamos tentando redescobrir os valores e a “bioética” da raça vermelha, que tratava a terra como sua mãe e os animais como seus irmãos."
origem indígena

Origem indígena e religiões evocadas

De sua origem indígena a Umbanda recebe o amor à natureza e a influência do xamanismo caboclo e pajelança. Bem como o uso do fumo, que é considerado erva sagrada para os índios. Um culto irmão da Umbanda, o Catimbó, Jurema ou Linha dos Mestres da Jurema, também realiza trabalhos com entidades espirituais de forma muito parecida com esta. Seu rito opera sob influência direta do Toré, que é uma prática essencialmente indígena.

A Umbanda e o Catimbó trabalham com algumas entidades em comum como, por exemplo, Caboclo Tupinambá na Umbanda e Mestre Tupinambá no Catimbó. Caboclo Tupã e Mestre Tupã. Caboclo Gira-mundo e Mestre Gira Mundo. Pai Joaquim e Mestre Joaquim. Além, do tão conhecido Mestre Zé Pelintra, juremeiro muito presente na Umbanda.

Alguns chegam a dizer que a Jurema é “Mãe da Umbanda”, de tanto que teria colaborado com esta. O Toré e a Jurema são vivos ainda hoje nas tribos Kariri – Xocó, os quais são considerados os guardiões da Jurema.

Aruanda

Em conversa com um amigo desta tribo, o índio Tkainã. O mesmo me esclareceu que Aruanda é a Terra da Luz para sua cultura. Falada na língua Macrogeu, “coincidentemente” Aruanda é o Céu, correspondente ao Mundo Astral, para os Umbandistas. Muitas vezes na Umbanda se usa o termo Jurema, para identificar um local do mundo espiritual de onde vêm os caboclos.

O uso de chás, banhos de ervas e defumações é algo em comum para indígenas, africanos e europeus. Em muitas Tendas de Umbanda se vê o uso do Maracá (chocalho indígena) e outros elementos como penachos e cocares, usados pelas entidades incorporadas, que dá todo um ar indígena para Umbanda.

A primeira manifestação de Umbanda que se tem notícia é do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Que justifica chamar-se “caboclo” por ter sido índio em uma encarnação aqui no Brasil. Esclarece ainda que em outra encarnação foi o Frei Católico Gabriel Malagrida, queimado na Santa Inquisição.

São os Caboclos os verdadeiros mentores da Umbanda. Se apresentando como linha de frente e de comando dentro da religião, sendo na maioria das vezes quem responde pela “chefia” e responsabilidade do que é realizado dentro de uma Tenda de Umbanda.

Dessa forma, vamos percebendo que existe uma cultura indígena forte dentro da Umbanda. Na qual destacamos três pontos que se ressaltam nessa raiz:

1O Xamanismo

Prática realizada por aborígines do mundo inteiro, como siberianos, australianos, indianos, africanos ou índios das três Américas. Consiste no uso de poderes psíquicos para, em estado alterado de consciência, encontrar respostas, realizar curas ou profecias.

Muitas vezes para entrar nesse estado, de transe, usam a ingestão de bebida ou fumo que lhes propicie ampliar sua consciência, sair do corpo em busca de respostas ou receber, incorporar, a presença de um animal de poder ou energia poderosa, para auxiliar sua tribo.

Aqui no Brasil os Pajés são considerados Xamãs e a pajelança um Xamanismo. Da mesma forma, os rituais onde está presente a bebida de poder também é visto como prática xamânica. Podemos lembrar aqui do Santo Daime, Ayahuasca, Peiote, Jurema. Até a Cannabis Sativa (Maconha) que é uma erva sagrada para a religião Rastafari, da Jamaica, onde tal erva é fumada apenas em ritual e não é compartilhada para não adeptos.

 

2O Toré

Ainda praticado no Brasil pela tribo dos Kariri-Xocós. O Toré consiste em uma dança realizada com a infusão da bebida feita à base de Jurema. Que pode ser mais ou menos enteógena (alucinógena para os psicólogos e leigos), palavra que significa “Encontro com Deus”.

Os índios reverenciam uma divindade como um gênio que é o Espírito da Jurema, diferente de Cabocla Jurema. Da árvore de Jurema os índios usam as folhas, sementes e o tronco, para fazerem bebidas, maracás (chocalho) e cachimbos, onde o fumo também é misturado com folhas de jurema.

 

3O Catimbó ou Linha da Jurema

Muito praticado no Nordeste, principalmente em Pernambuco. Consiste em um culto que combina as tradições do Toré com a Magia Europeia, onde a presença afro se percebe menos.

A palavra Catimbó pode ser derivada ou deturpada de Caximbo, não se sabe ao certo sua origem, no entanto, tornou-se sinônimo de Magia de uma forma pejorativa. As vezes é confundido com Magia Negra, o mesmo caso do que aconteceu com a palavra Macumba.

Por isso, muitos “catimbozeiros” preferem ser chamados de “Juremeiros” ou simplesmente de Mestre, que é como se identificam os espíritos guias e também os dirigentes do culto.

Desta forma, seu ritual lembra um pouco a Umbanda, no entanto cada médium costuma trabalhar apenas com um ou dois Mestres Espirituais, que pode ser índio, preto-velho, baiano, marinheiro e outros.

Todo o trabalho é feito com o uso do cachimbo por parte dos espíritos e sempre com o uso da bebida de Jurema, antes e durante as incorporações. Para fazer parte desse culto, o neófito passa por uma iniciação chamada “Tombo da Jurema”. Onde sob um preparo especial de bebida de jurema esse médium sai em espírito e vai encontrar seus mestres no astral, onde em espírito vão aprender sobre a arte da Jurema.

Muitas entidades da Jurema vêm na Umbanda e vice-versa. O mestre de Jurema mais conhecido por aqui é “Seu Zé Pelintra”, que por sua origem externa à Umbanda vem em qualquer linha, caboclo, preto-velho, baiano ou exu.

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Texto extraído do Livro História da UmbandaAlexandre Cumino, Editora Madras.

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Julia Pereira

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