Deep Learning
Primeiro vamos explicar do que se trata a inteligência artificial utilizada para analisar a veracidade das psicografias de Chico Xavier e em como a Stilingue – empresa especializada em análise e resumo de textos – avaliou as possíveis comprovações científicas da presença de mediunidade nas obras de Chico Xavier.
O uso da inteligência artificial no campo da codificação de obras literárias é algo impressionante, utilizando-se de técnicas das chamadas “Redes Neurais Artificiais” ou Deep Learning, os computadores hoje já conseguem recriar obras de diversos autores seguindo suas características de linguagem e escrita, eles também são capazes de escrever notícias e promover uma “conversa humana” por meio de textos.
É dentro desse universo de códigos, ciência e de uma realidade totalmente robotizada que estudiosos colocaram em cheque, uma questão que caminha ao oposto do ceticismo cientificista e a qual teóricos e estudiosos de todas as áreas ainda investigam incessantemente à busca de uma prova legítima de sua existência: a mediunidade.
Desta forma o desafio da empresa era saber se as cartas de Chico Xavier, que segundo ele eram escritas por diferentes espíritos, eram suficientemente diferentes entre seus autores e ainda se elas partilhavam de um estilo de escrita próprio entre cada um deles.
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Experimentos
A Stilingue afirma que ainda está em sua primeira fase de experimentos e um dos autores que já fizeram parte de suas pesquisas foi nada mais, nada menos que William Shakespeare. Na ocasião, alimentaram uma máquina com inúmeras obras do autor o que fez com que o computador pudesse recriar novos textos a partir dessas interpretações, em seguida analisaram os textos originais dos criados à partir da simulação de escrita os “bots“. E olha a conclusão deles:
Neste experimento, conseguiram provar que o computador é capaz de “encarnar” o estilo literário shakespeariano e criar novos textos muito similares ao estilo literário de Shakespeare. Exemplos de características aprendidas? Se um autor escreve diálogos com frequência, o bot imita o mesmo estilo de sentenças. Se o escritor gosta de inventar palavras ou tem um vocabulário característico, o bot também tenta fazer parecido. Estudo da Stilingue
Desta forma, se os métodos aplicados em Shakespeare e outros autores conseguiam reproduzir com certa similaridade essas obras, gerando notáveis identificações entre os gêneros por meio da inteligência artificial dos bots, eles também poderiam por à prova a existência de diversas características literárias entre os autores psicografados por Chico. E foi isso que eles fizeram.
Psicografia à luz da ciência
Segundo a empresa os procedimentos adotados para a realização da pesquisa com os textos de Chico, levavam em consideração os padrões de linguagem existentes nas obras e para medi-las, aplicaram-se técnicas de Aprendizado de Máquinas de Processamento de Linguagem Natural em uma série de textos, criando com isso um modelo de linguagem existente neles, o bot.
A partir desse modelo criam-se os novos textos por meio de função chamada “log-verossimilhança negativa” que é uma métrica utilizada para medir taxas de aprendizado em redes neurais artificiais. Com isso, a taxa de erro pode ser computada pela própria inteligência artificial que reconhece o tanto que o bot errou ao tentar simular a escrita de determinado autor.
Foi separada uma compilação de nove obras. Na ótica espírita, três obras psicografas de cada uma das entidades Emmanuel, André Luiz e Humberto de Campos. Já para os céticos, nove obras redigidas pelo autor Francisco Cândido Xavier. E construíram dessa vez três bots. Três modelos de linguagem. Uma por cada "entidade espírita". Estudo da Stilingue
Nos três modelos de escrita criados (bots), a máquina conseguiu recriar os textos com taxas de erros bem pequenas comparando aos originais, sendo que os textos dos espírito de Emmanuel teve taxa de erro inferior as pesquisas feitas com os textos de Paulo Coelho. Ou seja, a semelhança entre textos de Emmanuel é maior do que os textos de alguém encarnado.
Para confrontar esse argumento,foi seguida uma nova lógica: prover ao modelo de uma entidade espírita, por exemplo, dar ao bot Emmanuel os livros de André Luiz. Se os textos fossem criados por um mesmo autor, Francisco Cândido Xavier, os resultados deveriam trazer uma baixa taxa de erro. Afinal, conteriam todos o mesmo estilo literário, de um só autor. Estudo da Stilingue
Ao fazer isso, as taxas de erros dobraram e em alguns casos triplicaram, provando que os textos das entidades eram suficientemente diferentes entre si. Mas, você pode dizer: e Fernando Pessoa? Como esses testes iriam reagir a literatura de heterônimos do escritor?
Em entrevista com a Revista Superinteressante o fundador da Stilingue, Milton Stiilpen Jr. fala sobre isso e responde que os procedimentos também foram realizados com o autor, mas que faltou quantidade suficiente de dados para atender a demanda da máquina. “A Stilingue não conseguiu acesso fácil e digitalizado à quantidade necessária de material de cada heterônimo de Pessoa. Relembrando, o mínimo necessário para a análise usando deep learning é de 1 milhão de caracteres o que significa, nesse caso, 6 milhões para uma análise de todos os “autores” em questão.”
Ele revela também que graças os resultados alcançados nesses últimos experimentos, as análises irão se tornar um projeto de pesquisa oficial, na qual irão buscar outras técnicas que possibilitem a avaliação de textos de Fernando Pessoa e Nelson Rodrigues, por exemplo.
Perguntado sobre a conclusão sobre os estudos das psicografias de Chico Xavier, Milton responde à revista:
“A psicografia segue como uma questão de fé. Mas se o estudo atesta algo, é a genialidade do médium. Escrever o volume de texto que ele escreveu, com personas comprovadamente distintas, mas uniformes entre si, não precisa nem ser sobrenatural para ser absolutamente impressionante.”
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Texto:
Júlia Pereira
Imagem:
Pixabay
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