Defumação no terreiro
O Ogã puxa o ponto, a Cambone embala o turíbulo, a brasa do carvão incendeia as ervas e assim o aroma logo se espalha pelo templo. A vibração das ervas e plantas está em movimento. Esse é um momento de concentração, pedido e purificação
Defuma com as ervas da Jurema, defuma com arruda e guiné..
A sensação de limpeza, harmonia e tranquilidade é unânime. Pronto, médium e casa defumados. Dependendo da casa esse é um dos primeiros ritos a ser realizado durante a gira. Uma energia positiva invade nossos corações e é sentida na atmosfera do ambiente. O bem estar traduz perfeitamente esse momento.
Conseguiu visualizar a cena? Essa combinação de ritualística e magia faz parte dos principais ritos que você encontrará em um terreiro de Umbanda. Os atos acima descrevem uma defumação. É sobre esse rito que nós vamos falar hoje.
Por que defumar?
Você já deve ter se perguntado pelo porquê da existência do Rito de Defumação durante as giras. Mesmo quem nunca foi à um terreiro, pode lembrar-se desse rito dentro das missas (no início de cada missa os padres também realizam a defumação).
Sem meias palavras o significado principal da defumação é purificar nosso espírito e fazer uma “faxina” em nosso corpo espiritual. O livro Magia de Redenção (obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís), dedica um capítulo para explanar um pouco sobre a defumação e o seu sentido.
Todo o potencial que se elabora no seio da planta, durante os meses de sua vivência no solo seivoso da terra, depois é liberto em alguns minutos da defumação, projetando em torno um potencial de forças, que, além de sua manifestação propriamente física, ainda desagregam miasmas e bacilos astralinos disseminados no ambiente humano.
Ramatís
Como dito no trecho, a defumação tem o poder de “desagregar miasmas e bacilos astralinos”. Acredito que você já deva ter ouvido falar sobre miasmas e larvas astrais, mas aqui vai uma pergunta ao leitor. O que são e como podem te atingir? Sabe responder?
Bom, caso você nunca tenha nem ouvido sobre isso, essa é uma oportunidade de entender esses seres astrais e como eles podem estar relacionado a males físicos, emocionais e psíquicos da maioria (para não dizer todas) das pessoas.
Miasmas e Fluídos de Pensamentos
Vamos começar entendendo o que são os miasmas. Miasmas, são energias que se “plastificam” ou podemos dizer, que tomam forma e se acumulam em torno do nosso perispírito (corpo espiritual).
Isso acontece em decorrência de pensamentos e fluidos de pensamentos. As famosas neuras, os traumas, registros marcantes e/ou pensamentos constantes que remontam a uma mesma ocorrência.
Os miasmas podem envolver o perispírito da pessoa e também contaminar o ambiente em que ela vive. Sendo assim, trazemos para o ambiente que vivemos o que nossos pensamentos emanam. Por isso temos o poder de contagiar tudo o que nos cerca (animais, pessoas e etc) com energias positivas. Assim como com as negativas.
Larvas Astrais
Quando acumulamos as energias pesadas, ou seja miasmas negativos, atraímos também as chamadas larvas astrais. Blog, que diabos são larvas astrais? Bom, como no plano físico, no astral também existem e vivem larvas, vermes e seres parasitóides. Esses seres, se favorecem de pensamentos pesados e consciências negativadas.
No momento em que você projeta pensamentos que propiciam miasmas negativos, as larvas astrais também encontram abertura para se instalarem.
Esses seres agem como sanguessugas das nossas energias negativas, e podemos dizer que eles se “alimentam” delas causando os mais variados tipos de moléstias e doenças (emocionais, físicas e psíquicas) aos indivíduos que os carregam. Mas veja bem, as larvas astrais não são espíritos obsessores e em algumas literaturas iremos encontrar o termo: elementares ou vírus astrais.
Goods vibes X Bad vibes
Tanto os miasmas, como as larvas astrais só se estabelecem em um corpo espiritual, se o mesmo tiver uma rotina de ações e principalmente pensamentos que os coloquem em uma situação negativada. Quais pensamentos propiciam essa abertura, Blog? Já ouviram falar em “good vibes”? esse é um termo bem.., podemos dizer “pop” no momento, mas se encaixa muito bem no que pretendemos chegar.
As “boas vibrações” são o conjunto de pensamentos positivos e ações benéficas que uma pessoa realiza em prol de si ou de outro. Por exemplo, uma prece de uma mãe à um filho é um pensamento positivo que toma uma forma astral e age no perispírito dessa pessoa buscando protege-la de pensamentos negativos externos ou da ação das larvas. É como se fosse então, um miasma positivo e benéfico, que cria uma redoma no perispírito da pessoa defendendo-a de possíveis ataques de ordem negativa.
Quanto aos pensamentos ruins temos uma lista bem extensa e podemos considerar tudo aquilo que nos faz mal, que traz uma sensação de desgaste e que na maioria das vezes toma nossos pensamentos de uma maneira descompensada e constante. Preconceito, injúrias, excessos, vícios, raiva, vingança, inveja, orgulho, mágoa, vulgaridade e toda sorte de comportamentos grosseiros, obscenos e rudes. Todo esse conjunto de pensamentos ruins e decadentes possibilitam os miasmas negativos e propiciam a entrada das larvas.
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Cascões e Casulos
Nesse contexto também podemos citar o acúmulo das larvas astrais, que é quando vão se criando uma espécie de cascões ou casulos em torno do perispírito da pessoa, que acaba ficando com uma aparência rugosa e asquerosa. Gente, ninguém vai querer virar o “Coisa” do quarteto fantástico no mundo astral, não é? então, vamos manter a higiene desse espírito ai! Brincadeiras à parte, nesse “estágio” a entrada de vibrações positivas é dificultada por esses casulos e é então que o rito de defumação se faz extremamente importante.
A defumação vai desenvolver a assepsia do campo espiritual da pessoa e com isso muitos desses cascões vão se dissipando, assim como as larvas astrais que também começam a sucumbir à ação da fumaça aromática. Aos que ainda resistem a primeira defumação acabam se extirpando por meio da defumação com cachimbo que se utiliza do tabaco como uma erva mais eficaz para essa situação.
Frisamos o “essa situação” porque cada erva tem uma propriedade e em cada caso ela deve ser usada de uma maneira diferente, em um sentido e com uma ativação diferente, assim como, cada mal deve ser tratado por uma erva diferente.
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Texto:
Júlia Pereira
Imagem:
Pedro Belluomini