Seg, 9 de Maio, 2016
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem os homens morreriam de uma grande solidão de espírito. O que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios.
A águia é considerada a “Rainha dos Pássaros”, mensageira ou a substituta do fogo celeste e da mais alta divindade urânica. Considerada a substituta do Sol tanto na mitologia asiática e norte-asiática como nas mitologias ameríndias do Norte e do Sul, em particular, entre os índios das pradarias e entre os astecas. Também no Japão, o Kami, cujo mensageiro e montaria é uma águia denominada a águia do Sol.
Na representação do universo dos índios zuni, a águia é colocada, com o Sol, no quinto ponto cardeal (que é o zênite), isto é, no eixo do mundo. Em pesquisas compulsadas, encontramos uma concepção similar entre os gregos, onde as águias, tendo partido da extremidade do mundo, pararam na vertical do omphalos (umbigo) de Delfos, o eixo do mundo.
O jaguar, como poder da escuridão, é o inimigo da águia, o símbolo solar, e as lutas míticas entre luz e trevas, que se compõe o cerne da visão do mundo dos astecas, se manifestam como batalhas entre guerreiros-jaguares contra guerreiros-águias.
Segundo os índios Cora, a águia, o céu de luz, devora a serpente da noite. O fogo luminoso da consciência triunfa sobre as águas do inconsciente e a águia que surge nua e pequena à noite no centro do mundo, “quando ateia o fogo no mato”, derrota os velhos enquanto eles dormem, posto que ela está desperta.
Depois disso nasceu a sua plumagem e ela alçou vôo dali, indo diretamente para o céu:
“Ela se elevou e se colocou no meio do céu. Então lá se instalou, se curvou e olhou para baixo. Suas patas eram de uma bela cor amarela, enquanto lá estava…O seu contorno era iluminado, e formoso é o amarelo de seu bico; seus olhos cintilam de uma forma magnífica. Lá ela permaneceu e comtemplou, iluminada, o seu mundo.”
Dotada dessa extraordinária força solar e urânica, a águia tornou-se naturalmente ave tutelar, iniciadora e psicopompa. Assim era entre os antigos povos indo-europeus e, em todo o mundo, a lama xamã é levada pela águia (morte e vôo extático). O xamanismo, do Oriente ao Ocidente, conservou essa simbólica, que se encontra tanto na Sibéria como na América do Norte. Entre os índios norte-americanos pavitso, um bastão ornado com pena de águia, carregado por um xamã, é posto sobre a cabeça do doente e o mal é levado, exatamente como o xamã o é pela águia em seus vôos mágicos. Na mesma área cultural, uma águia constrói o ninho no alto da árvore cósmica e cuida, como um remédio, de todos os males contidos em seus ramos.
A águia também é iniciadora e regeneradora, trazendo em si tanto o poder da vida como o da morte. Assim, a grande águia que salva o herói Töshtük do mundo terreno é iniciadora psicopompa. Só ela pode voar de um mundo para o outro. Engole o heroi moribundo, refaz-lhe um corpo em seu ventre e restitui à vida, pondo-o no mundo uma segunda vez. Esse poder de regeneração por absorção está presente em muitos mitos inicáticos
Em um mito siberiano, o Altíssimo envia a águia para levar socorro aos homens atormentados por maus espíritos, que lhes trazem doença e morte. Mas, como os humanos não compreendem a linguagem da mensageira, o Altíssimo diz a águia que dê aos homens o dom de xamanizar. Ela desce à terra e engravida uma mulher, que dá à luz o primeiro xamã.
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Texto: Rosane Volpatto via xamanismo.com.br
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