Culto a Ogum
A festividade da feijoada de Ogum realizada no ICA, congrega a comunidade do terreiro e demais visitantes no culto dedicado ao Orixá
Ontem (23), oportunamente no dia em que comemora-se o sincretismo entre o santo católico São Jorge e o Orixá Ogum. Aconteceu a 14º edição do Culto a Ogum do ICA.
Na ocasião o sacerdote da casa Pai Rodrigo Queiroz, abriu o culto ministrando palestra sobre a atuação de Pai Ogum em nosso dia-a-dia.
O significado da “abertura de caminhos” trazida no discurso e simbologia que envolvem o Orixá, tomam fundamento em sua explanação. A mensagem destacada durante sua fala é que o axé trazido por Ogum, nos instiga à coragem. É ele também que nos dá força para reorganizar o que se encontra caótico.
Ogum é nos encoraja a sair da posição de pedintes perante Deus, entidades e Orixás. Seu magnetismo pulsa o “empoderamento” nos indivíduos. Assim, busca-se para que estejamos mais autônomos e focados no que desejamos ser, daqui para a frente.
Pai Rodrigo Queiroz explicou que parte desse fundamento também nos traz a consciência de que antes de agir e sair desbravando o mundo, é preciso se organizar. “Você não sai para uma caminhada de 100 km sem se planejar. Sem levar mantimentos, água, roupa adequada e etc. O mesmo é com sua vida. Quando eu digo vida, eu falo de tudo o que pulsa em você. Seu trabalho, relacionamentos, espiritualidade, lazeres..tudo” exemplifica.
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Feijoada de Ogum – Cassoulet
No ICA a feijoada servida é o cassoulet, prato frânces que leva em sua receita feijão branco, carnes, especialmente a de ganso ou pato. Algumas versões utilizam cordeiro. Já as mais tradicionais aderem as linguiças, carnes de porco como o paio, bacon e costelinha. Legumes e até molho de tomate também podem ser acrescidos na receita.
Acredita-se que durante a guerra dos cem anos, Castelnaudary, uma cidade situada no sudoeste da França, tenha sido cercada por cavaleiros ingleses. Com isso, a população foi ficando sem mantimentos. Dado a situação, um dos chefes da guarda francesa, ordena para que preparem um ensopado com tudo o que tinham em mãos.
Acredita-se que foi assim que receita do cassoulet foi sendo criada. Ela também serviu de sustança para que o soldados se mantivessem fortes.
No ICA o prato carregado de simbologia, dispensa o ganso e/ou patos, substituindo-os por carne de frango. Nossa feijoada de Ogum, também é rezada.
Entendemos esta refeição, como uma verdadeira ceia entre encarnados e Orixá.
Saravá Ogum! Ogum Yê!
Texto e Imagem:
Júlia Pereira