Hoje no dia Nacional da MPB, o blog resolveu trazer um pouco dessa história que esbarra nas manifestações afro-brasileiras
Chiquinha Gonzaga
A data que homenageia o gênero que consolidou a miscigenação musical, resgatando as manifestações folclóricas do país, foi instituída em 9 de Maio de 2012 pela presidenta Dilma Rousseff. Deste então comemora-se o dia da MPB em 17 de Outubro.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º – Fica instituído, no calendário das efemérides nacionais, o Dia Nacional da Música Popular Brasileira, a ser comemorado no dia 17 de outubro – data natalícia da compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga.
O projeto de lei é do deputado Fernando Ferro (PT-PE) que justifica a data, dizendo que “a adoção desse dia é uma forma de homenagear a primeira maestrina do país, que, em pleno século XIX, quando predominava a música europeia nos salões da aristocracia brasileira, desafiou os costumes de sua época e ousou trazer os ritmos africanos para suas composições musicais.”
Chiquinha Gonzaga foi a primeira pianista de choro (gênero musical originado do ritmo de inspiração africana lundu), foi autora da primeira marcha de carnaval com letra “Ó abre Alas que eu quero passar..” e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Com tanto pioneirismo Chiquinha também sofreu exploração abusiva de seu trabalho, o que fez com que tomasse a iniciativa de fundar, em 1917, a primeira sociedade protetora e arrecadadora de direitos autorais do país, a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat). (informação do site Chiquinha Gonzaga).
Com todo esse enredo de carreira profissional, não é de se esperar que a vida pessoal da maestrina seja algo comum, não é? Chiquinha casou-se cedo, aos 16 anos, e aos 18 já iniciou o processo de divórcio, fato que na época era extremamente repudiado pela sociedade. Com todo esse ímpeto, a Chiquinha não poderia ficar fora das questões políticas..e não ficou.
“Em 1889, regeu, no Imperial Teatro São Pedro de Alcântara, um original concerto de violões, promovendo este instrumento ainda estigmatizado. Era a mesma audácia que movia a militante política, participante de todas as grandes causas sociais do seu tempo, denunciando assim o preconceito e o atraso social. A abolicionista fervorosa passou a vender partituras de porta em porta a fim de angariar fundos para a Confederação Libertadora e, com o dinheiro da venda de suas músicas, comprou a alforria de José Flauta, um escravo músico.”
Edinha Diniz, 2011
Autora da biografia Chiquinha Gonzaga: uma história de vida, em chiquinhagonzaga.com
Texto:
Júlia Pereira
Imagem:
Instituto Moreira Sales