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Candomblé: uma religião urbana e organizada por mãos femininas

A religião

O candomblé se constitui no Brasil como uma religião urbana e feminina. Mas, por que? Urbana porque surge no período mais próximo do “final” da escravidão e onde os africanos exerciam trabalhos comerciais nos centros urbanos. Nesse cenário um personagem importante foi o escravo (a) de ganho e onde as mulheres exerciam destaque nessa função.

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Quem eram os escravos (as) de ganho?
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Escravas de ganho

Nessa “modalidade” escravagista, o senhores de engenho enviavam seus escravos para os grandes centros urbanos (moradias coletivas e/ou cortiços), a fim de que esses desempenhassem afazeres, como o comércio e que retornassem com o lucro mínimo estabelecido por ele.

Nessa perspectiva, a mobilidade do escravo se torna bem maior do que nas fazendas e as mulheres acabam se ascendem na função. A habilidade das mulheres se justificam pelo fato de que, ainda na África, eram também elas que desempenhavam atividades próprias do comércio, como a venda de pratos feitos por suas mãos.

Outra contribuição para a independência das mulheres é que os senhores de escravos, tinham gosto por ostentar suas posses e sempre que podiam enchiam suas escravas de joias.

Por isso também, eventualmente os escravos compravam pela sua alforria e quando isso acontecia na maioria das vezes eram as mulheres que conseguiam esse feito.

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Joias usadas pelas escravas de ganho – Museu Afro Brasileiro, SP

Dessa maneira o Candomblé irá se configurar como uma religião urbana e feminina. As escravas de ganho compram a sua liberdade, ganham mobilidade para se organizar e posteriormente montar o Culto aos Orixás. A partir disso ocorre um forte sincretismo que não é só o sincretismo com os santos católicos mas, o sincretismo das Áfricas, já que o culto dos Orixás na África era algo regional, ou seja, cada região cultuava uma divindade (Voduns, Inquices, Orixás e etc).

Essas divindades renascem aqui e posteriormente são distribuídas, formando novos cultos adequados ao contexto brasileiro miscigenado.

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Família de Santo

No momento que o Candomblé toma forma, passa a existir como família de santo, que nada mais é do que o resgate do que mais importava ao africano escravizado: a família que foi perdida no momento da diáspora africana.

“Assim, você vai ter reunido o culto de diversos Orixás nesse grande grupo no terreiro, nessa grande família de santo. Por isso se chama família de santo, cada um trouxe o seu culto, o seu orixá, e esse Deuses serão cultuados ali nesse mesmo espaço, que é o terreiro. E assim o Candomblé se constituí”

Ekedi Prof. Patricia Globo no estudo sobre a Tradição do Candomblé

Os grupos que anteriormente pertenciam a regiões e tribos distintas unem forças para reviver sua fé e conceituá-la como família. Uma religião de tradição oral, que sobrevive ao tempo e a repressão para trazer para o Brasil um pedaço da África que estava sentenciado a opressão do processo escravagista e catequizador.

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Texto:

Júlia Pereira

Imagem:

Natalya Osowiec

 


Júlia Pereira

Acredito no poder da sabedoria ancestral da contação de histórias, como forma de cura, acolhimento e força. • Jornalista • Estrategista e Copywriter • Pós-graduada em Marketing, Branding e Growth • Estudante da EAD Ubuntu.

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