Se Exu é do bem, por que trabalha nas trevas?

Exu é o ponto forte e o ponto fraco na Umbanda. Se a gente conhece é ponto forte, se não, é ponto fraco.

“Onde é preciso mais amor, na mãe que leva o filho pra faculdade ou na que visita-o na cadeia? Aquele que desce as trevas também o faz por amor. Mesmo que isso não esteja verbalizado na palavra de Exu. No momento que você estende a mão e diz vem comigo, vou lhe ajudar, vou te tirar da onde você está, vou lhe levantar, é a Lei. Aquele que está caído, que se arrasta, que faz o mau ou que está perdido não é Exu.”

Pai Alexandre Cumino

 


Pólos Positivos, Negativos e Neutros

Em toda Criação iremos encontrar os pólos magnéticos que tanto absorvem quanto irradiam determinadas energias. Sendo assim nós temos a energia positiva, a negativa e a neutra.

Nenhuma delas refere-se ao “bem” ou “mal” propriamente, até porque o conceito de bondade e maldade não é algo que possa ser mensurado e normalmente consideramos o que culturalmente nos é posto, por isso pólos negativos, positivos e neutros estarão presentes em toda Criação.

Entretanto, tanto nas dimensões paralelas à nossa quanto em nosso corpo esses pólos determinam a natureza energética a qual emanamos. Entende-se que o nosso corpo comporta um tipo de energia do lado direito que corresponde ao nosso consciente e racionalidade e outra do lado esquerdo, este por sua vez está ligado ao inconsciente e as emoções.

Alguns estudos, inspirados na filosofia chinesa de Yang e Yin sobre leitura corporal, argumentam que nossos impulsos são influenciados pela relação direita-esquerda entre o cérebro e o corpo.

Nessa concepção esses dois lados estão interligados, sendo o lado direito do corpo correspondente ao lado esquerdo do cérebro e ainda responsável pela expressão de racionalidade e produção do ser e o lado esquerdo do corpo ligado ao hemisfério cerebral direito, correspondente às emoções e vontades do ser.

Esse mesmo efeito, de formas de energia que se diferem entre direita-esquerda, acontece entre as dimensões ou realidades paralelas, onde os seres serão atraídos magneticamente para o que também pulsa em si.

 

Definir faixas vibratórias pra cima e para baixo é entender tudo aquilo que está dentro de você.

Pai Alexandre Cumino

Direita e Esquerda na Umbanda

Deus está em todas as faixas vibratórias, do alto, do embaixo, da esquerda e da direita, sendo o ponto de referência para essa organização ou o “marco zero” de tudo, a faixa vibratória onde nós humanos nos encontramos.

Para baixo estão o que chamamos na Ciência Divina de: Tronos Opostos dos Orixás. Se você ascende em virtude “caminha” em direção à luz e ao alto (que vibratoriamente é onde estão os Orixás regentes) seu espírito estará cada vez mais desapegado da matéria, dos sentimentos humanos e dos seus instintos. Seu “corpo” nessa percepção vai se tornando cada vez mais sutil e o espírito tende a se transformar em luz. Vale destacar que esse processo é algo muito longo e o tempo para que um espírito evolua para esse estágio, não é possível nem ser mensurado por nós.

Agora, no outro lado da moeda temos o ser que é consumido pelos seus vícios e decaí no seu negativismo. No plano espiritual seu magnetismo vai leva-lo, como se o seu espírito fosse o ferro que é atraído pelo imã, para faixas vibratórias abaixo do marco zero.. lá se encontram as trevas humanas. Nesses “ambientes” os seres podem agregar a si formas animalizadas, por isso os diversos relatos de espíritos humanos com aspectos animalescos.

 

Toda queda vibratória mental implica um deslocamento para baixo e para esquerda, mas já dentro das faixas vibratórias negativas. Mesmo havendo dois planos distintos, ainda assim dentro deles existem faixas vibratórias com seus níveis e subníveis vibracionais ou conscienciais.

Livro de Exu, Rubens Saraceni

 

É importante lembrar que todas essas faixas tem uma função na criação, sendo a treva responsável por depurar os seres negativados em seu emocional.

São nessas faixas, como dito, que se encontram os Tronos Opostos dos Orixás que operam também nesse sentido, onde cada um, em seu aspecto, age absorvendo os negativismos dos seres desvirtuados.

 

Há Tronos do Embaixo, há Divindades que são opostas aos Orixás e todos eles a serviço de Deus. Porque o Trono Oposto ao amor não gera o ódio, ele absorve o negativismo de quem ali cai. O Trono Oposto a fé absorve a ilusão dos iludidos e dessa maneira eles atraem os caídos, assim como os Orixás atraem os virtuosos e tudo isso está no plano da Criação, tudo tem a sua função.

Pai Alexandre Cumino

 

Dentre as 7 faixas do alto e as 7 faixas do embaixo, existem as paralelas: esquerda e direita. Pai Alexandre Cumino comenta sobre essas realidades dizendo que trabalham à esquerda entidades especialistas em lidar com o nosso negativismo e isso não quer dizer que elas sejam em si a energia negativa, mas que lidam com esse lado dos seres em nome de Deus.

Alguém precisa descer as trevas e fazer esse trabalho. Você precisa de um médico, mas precisa também de um policial. Você precisa de um filósofo, mas precisa também de um carcereiro. Então há de ter quem desce as trevas e não apenas quem sobe a luz. Há de ter aqueles que nos orientam pela mão direita e aqueles que nos orientam pela mão esquerda. Os dois estão nos orientando. Pela direita trabalhando minhas virtudes, pela esquerda trabalhando meus vícios.

Pai Alexandre Cumino

 

Exu, Pombagira, Exu-Mirim e Pombagira Mirim são especialistas em corte de demandas e magia negativas e isso acontece porque a maioria dessas agressões são o resultado de emocionais totalmente dilacerados em negativismo, porque mesmo se utilizando do seu racional para promover o mal ao outro, quem agride é sempre alguém infeliz, que se encontra desequilibrado em seus sentimentos.

A esse trabalho se presta os Guardiões de Umbanda, que trabalhando nas trevas do ser e transitando entre realidade hostis, tem o conhecimento de causa de quem já passou pelos mesmos desalinhos e de quem convive com essas angústias de perto.

 

Atuam sob a irradiação de mistérios contadores e esgotados do negativismo de seres naturais e espíritos que regrediram tanto que muitos chegam à beira da loucura. Nesse vasto campo negativo também atua o mistério que denominamos Exu, com seus guardiões e com seus manifestadores naturais e espirituais.

Livro de Exu, Rubens Saraceni

 

Ao tocar o dedo na ferida, adentrar seus medos, traumas, egos e arrogâncias traz à tona tudo aquilo, que busca esconder-se de si mesmo, aquilo que o inconsciente repetidamente te lembra antes de dormir.. aquilo que abala e também que tira a paz.

Sendo assim, tudo o que se relaciona com a energia de Exu orbita nesses fundamentos, no sentido de descarregar e absorver energias densas, desde os seus gestos no momento do passe até os objetos e cores utilizadas em seus elementos mágicos.

Pai Alexandre Cumino conta durante o estudo de Exu – O Guardião da Luz que às vezes alguém que foi realmente vítima de uma demanda, chega no terreiro dizendo que uma pessoa lhe disse que foi feito uma magia negativa contra si, partindo de um determinado Exu e então dá o nome desta entidade.

O Sacerdote explica que nestas situações é provável que aquela magia que foi encaminhada para a pessoa tenha relação com o campo de atuação daquele Exu e por isso o seu nome se fez mostrar. “Esse nome é a chave para desfazer. Basta fazer uma oferenda para este Exu, chamar ele em um ponto de força da natureza e dizer: estou aqui para fazer esta oferenda para o ‘Exu fulano de tal’ eu evoco a Deus, sua Lei Maior, sua Justiça Divina e evoco Exu fulano de tal, lhe oferendo esses elementos” esclarece.

Exu não vai deixar de trabalhar nas trevas?

É sabido que Exu teve sucessivas encarnações, ou seja, já teve a oportunidade de cursar a “escola da vida” nesse plano por diversas vezes, e depois de sofrer a queda vibratória consciencial  e se estabelecer nas trevas, se “especializa” em alguma atividade nesse ambiente que chamará a atenção da Lei Maior.

Nesse momento, esse espírito é convidado a retomar ao caminho evolutivo e depois de tomar o posto de Guardião desenvolvendo trabalhos a comando da Lei Divina e já na condição de Exu, atinge um ponto de consciência que vai lhe permitir mudar a “banda”.

Lembrando que esse processo não é algo tão simples como o descrito e pode ser que nesse meio tempo Exu reencarne, sim, é possível que isso aconteça e o que ele fizer a partir dessa vida terrena, irá decidir como ele também retornará ao plano espiritual.

Retomando o processo: Exu pode reencarnar e também pode sair das faixas vibratórias da Treva e evoluir em consciência. Há muitos relatos de boiadeiros que eram Exus e hoje cursam o caminho evolutivo neste grau, considerado uma linha transitória entre direita e esquerda na Umbanda.

É importante ressaltar também, que mesmo que Exu seja um Guardião e perto de nós um Mestre, um Mentor ou um Guia espiritual, chega um momento em que as trevas já não são o ambiente em que eles devam estar.

A treva é uma realidade configurada pela estrutura humana que em decadência tornou existente um ambiente hostil e que abriga os seres negativados em suas emoções. Nessa atmosfera, não é possível que um espírito tenha o aparato necessário para se tornar um ser ascencionado em toda a sua potência, por isso é tão necessária a mudança de grau, para que a ampliação de consciência daquele espírito tenha vias de acontecer.

Se deslocar de uma realidade para a outra ou de um grau para outro é algo extremamente complexo e impossível de ser contato a partir do nosso tempo ou mesmo entendido em toda sua verdade por nossa compreensão humana terrena.

Aqui deixamos alguns pontos do que existe nessas realidades e que fazem parte da existência dos nossos Guardiões. Não com a intenção de findar, mas sim de ter uma compreensão mais particular desse universo.

 

SALVE SUA FORÇA, SALVE SUA GUIA! LAROYÊ!

 

Texto: 

Júlia Pereira

 

Imagem:

Chucky – retirada da internet (quem souber link para acesso, entrar em contato!)

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