Como acontece o culto aos Anjos na Umbanda?

Ele é uma consciência, mas diferente da nossa.
Figura do Anjo por entre as culturas

Pai Alexandre Cumino dedica um capítulo extenso do seu livro Deus, Deuses, Divindades e Anjos para apresentar as diferentes concepções e a possível origem da representação do anjo na humanidade.

No Episódio 11 – Especial Anjo da Guarda da Jornada Teológica ele também traz esse conceito para a prática e o culto do Anjo da Guarda na Umbanda e começa a explicação dizendo que teoricamente a figura angelical vem da cultura judaica, entretanto, mesmo o judaísmo colheu e ressignificou estes conceitos de outras manifestações, onde seres muito parecidos com o que entendemos como anjos, eram reverenciados nas culturas babilônicas e arcadianas.

Ao falar de Angeologia (estudo sobre anjos) encontramos um vasto campo de pesquisa e vertentes teológicas para explicar da onde “vêm” os anjos. Um exemplo disso é a própria palavra anjo, que é a tradução em português do termo latim angelu.

Angelu é a derivação do grego ángelos, que por sua vez é a tradução da palavra Malakh – termo hebraico para designar o ser considerado O Mensageiro.

Pai Alexandre Cumino explica que na cultura judaica cada vez que Deus se pronuncia é por meio de um anjo e assim “toda palavra que emana de Deus cria um anjo” – Talmude.

Já percebemos até aqui que a concepção de anjo varia de cultura para cultura e com isso observamos dentro da obra supracitada duas visões existentes na cultura judaica e cristã, onde na primeira entende-se que existam dez castas de anjos e na segunda nove.

Este coro a mais existente no judaísmo representa o coro dos espíritos desencarnados que se angelizaram, como o profeta Elias e o profeta Enoch. São os chamados Ishim, espíritos angelizados.

Deus, Deuses, Divindades e Anjos. Alexandre Cumino, Ed Madras

Na doutrina católica esses espíritos angelizados dão lugar aos santos, de modo que para os anjos atribuiu-se a ideia de que esses desfrutam do livre arbítrio, contrariando o que prega-se na cultura judaica “Anjo não pensa, Anjo cumpre“.

Blog, mas por que estamos falando sobre concepção de anjos no cristianismo e judaísmo? Quero saber o que a UMBANDA explica sobre a presença do Anjo da Guarda nos terreiros.

Bem, para isso recorremos ao discurso de Pai Alexandre Cumino durante a Jornada de Teologia que é enfático ao dizer que  “não existe uma religião ou crença absolutamente pura, cada doutrina de fé bebe ou já bebeu de influências anteriores ou paralelas à ela.”

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Paraíso. Gustavo Doré.

Com esse apontamento complementamos ao dizer que tudo o que existe como doutrina religiosa hoje, foi constituído com base em influências de culturas variadas.

Atribuí-se outros significados (ao ritos, elementos etc) e por isso não deixam de ser conceitos novos, mas não cria-se uma estrutura absolutamente inédita.

Isso não quer dizer que não haja legitimidade no processo de desenvolvimento das religiões, mas que, como tudo que envolve as relações humanas elas também decorreram-se da inspiração em algo pré existente e que por sua vez, assim como inspirou também já havia sido inspirada em outra manifestação e que traduz o que nós conhecemos como sincretismo.

Com isso, entendemos que o sincretismo não se concretiza como um fenômeno exclusivo da Umbanda, mas como algo que faz parte da criação de todas as tradições milenares que ao transpor do tempo, ressignificaram seus ritos e culto de acordo com a realidade, época, costumes e objetivos vigentes.

Na Umbanda cultuamos Orixás, porém de uma maneira diferente da cultuada nos Cultos de Nação. Rezamos pro santo, entretanto a relação do umbandista com São Jorge se difere da católica.

Santos, Orixás, Deus, Divindades e Anjos como já afirmamos em outros textos não são propriedade de uma ou de outra crença e sendo assim, para cada um deles temos inúmeras formas de culto, simbologia e significado.

Com isso claro, podemos prosseguir falando um pouco sobre as hierarquias que classificam os “tipos” de seres angelicais no cristianismo.

Hierarquia Angelical

Nessa classificação ‘anjo’ é mais um dos graus que definem o conceito e a atribuição de cada casta angelical na qual encontramos as seguintes designações: Trono, Potestade, Dominação, Virtudes, Arcanjos, Anjos, Querubins, Serafins e Principados.

Cada uma delas corresponde a um agrupamento de seres angelicais com funções, capacidades e características particulares. Por exemplo os Tronos são compostos por seres que se identificam pela característica de anciões, já os Serafins são os anjos mais próximos de Deus.

Bom, cada um vai aderir um conceito diferente de acordo com a via religiosa e teológica disseminada. Pai Alexandre Cumino destaca durante a Jornada que no catolicismo primitivo era possível encontrar outros anjos que hoje já não são mais cultuados e isso aconteceu porque em um dado momento a Igreja chegou a conclusão que ter muitos anjos, criava um culto exclusivo aos Anjos e desviava os fiéis do sentido principal, a do culto à Deus.

Por isso na Bíblia encontramos apenas três arcanjos nominados: Miguel, Rafael e Gabriel, sendo o último segundo a escritura, o responsável por avisar Maria sobre a concepção do Cristo.

Anjo da Guarda é um mistério de Deus e ele não tem nome. Deus não tem nome.

Pai Alexandre Cumino 

Anjo da Guarda na Umbanda

Colocamos até aqui algumas considerações sobre a origem cultural e teológica dos seres angelicais e suas castas. A Umbanda agrega algumas dessas influências, porém ressignifica esses conceitos desenvolvendo um culto peculiar da religião.

Para o umbandista o Anjo da Guarda estabelece sua ligação a nós de maneira mental e não espiritual como é disseminado na crença judaico-cristã.

Sendo assim, a presença do anjo se distancia da manifestação dos guias espirituais, se concretizando como protetores pessoais que atuam a distância e que também não são os Orixás, pois se classificam como divindades diferentes.

Me envolve em bons fluidos, me inspira coisas boas e me ajuda a evitar coisas negativas. Ele é uma consciência, mas diferente da nossa.

Pai Alexandre Cumino 

Atuação
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ILUSTRA. Pedro Belluomini.

Para explicar a relação que eles mantêm conosco Pai Alexandre Cumino começa desmistificando a ideia de que Anjo da Guarda é um ser desocupado e por isso pode viver em função de nos proteger a todo momento “o tempo não existe para eles e se a nossa vida dura em torno de 80, 90 anos para eles pode ser que isso represente uma fração de segundo.”

Junto disso ele ainda comenta que os Anjos acompanham e amparam a construção, a maturação e o desenvolvimento de planetas e de sistemas solares inteiros e o tempo realmente é algo muito relativo para eles.

Assim como o nosso tempo cronológico não representa o tempo dos anjos, nossa realidade também não.

Quando Pai Alexandre Cumino diz sobre a atuação dos anjos ser muito mais mental do que espiritual ele fundamenta junto disso a ideia que eles não atuam em nossas vidas – e realidade – de maneira tão pontual como se faz querer crer.

E que o seu auxilio e o amparo tem o objetivo de nós ajudar a estar abertos ao que é bom e conscientes do que não nos beneficia. Sendo assim, a interferência espiritual é muito mais palpável do que a de um anjo.

Ele é uma inspiração Divina em nós porque se estamos bem resolvidos estamos guardados do mundo externo. É como se ele ajudasse a dar as condições que me favorece superar minhas dificuldades.

Pai Alexandre Cumino 

Por isso não cabe a essa classe de divindades a interferência material em nosso plano para nos guardar das coisas externas à sua realidade como assaltantes, atropelamentos e etc.

O que podemos citar como um exemplo prático dessa atuação em nosso mental então são os momentos em que nos deparamos com situações negativas no nosso cotidiano.

Se ao invés de sucumbir ao enxergar somente o advento da tragédia, você consegue fazer com que sua mente pare para uma reflexão e conduza seu mental para que aquela situação te atinja o menos possível, você está em sintonia com o seu Anjo da Guarda.

Cumino comenta sobre isso dizendo que na maioria das vezes as coisas acontecem ou porque nós a atraímos (lei de afinidade), merecemos (lei do retorno) ou porque temos algo a aprender com essa situação (lei do aprendizado) e que existem coisas que nos fazem retomar o sentido da vida, se mexer e sair da zona de conforto.

Se você consegue observar isso com tranquilidade e faz do seu inferno a chance para recomeçar e desenvolver um novo aprendizado, então você está em contato com o seu Anjo da Guarda, que antes de tudo te protege de você mesmo.

No momento que eu faço da vida o meu mestre, que a vida ensina eu entendo que as coisas tem uma razão. O Anjo da Guarda não pode tirar da sua vida os eventos bons ou maus que estão ali pra te ensinar.

Pai Alexandre Cumino

E como eu estabeleço essa conexão?

O ponto de sustentação dessa relação, dentro do rito umbandista acontece por meio da Firmeza. Durante o episódio 11 Pai Alexandre explica que é como se nós estivéssemos ligados por um cordão ao nosso anjo. No momento em quem pensamos nele esse cordão começa a fisgar e quando desviamos o pensamento essa conexão se encerra.

Ao acender uma vela essa conexão adquiri continuidade e isso acontece porque a energia ígnea capta suas intenções promovendo a troca energética, retroalimentando e potencializando a relação com o seu anjo.

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ILUSTRA Pedro Belluomini

Você faz e sente, talvez não saiba explicar, mas sente. O que eu estou falando é para te ajudar a racionalizar, porém não é a minha explicação que torna isso um fato, mas sim o que você sente e comprova. Você ouve minha explicação para saber explicar para outras pessoa esse fato, só isso.

Pai Alexandre Cumino

Salve Nossos Anjos da Guarda!!

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Texto:

Júlia Pereira

 

Imagem:

Pedro Belluomini

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Julia Pereira

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