Hoje, o Blog volta as origens da escrita umbandista e conta um pouco sobre os primeiros livros umbandistas e a vida do precursor do que seria a codificação da Umbanda. “Foi o primeiro a tentar definir, em diversos artigos, o que era a umbanda ou o que viria a ser no futuro esse outro lado que já denominava de “linha branca de umbanda” de “demanda” descreve Diamantino Trindade no livro A construção Histórica da Literatura Umbandista.
Em 1880, nasce Antônio Eliezer Leal de Souza, considerado o primeiro escritor de Umbanda, Leal também era um crítico literário, jornalista, ensaísta, conferencista, tabelião e poeta. Dentre seus trabalhos se destacou na literatura Parnasiana. Nesse momento passa a integrar, rodas literárias junto de figuras conhecidas, como o grande poeta Olavo Bilac.
Mas qual foi a sua contribuição para Umbanda?
Leal de Souza teve seu primeiro contato com a Umbanda em 1924 (o blog irá falar sobre esse encontro em um próximo post) e nesse mesmo ano o jornal A Noite do Rio de Janeiro no qual Leal integrava a redação, promoveu um inquérito sobre a prática do espiritismo, que mais tarde viria a se tornar o livro No mundo dos espíritos.
A obra foi publicada em 1925 e reuniu 425 páginas de relatos sobre visitas a centros espíritas e terreiros de Umbanda feitas por Leal de Souza e colaboradores do jornal.
Neste livro, é reconhecido a primeira vez em que a palavra Umbanda é citada em uma obra literária. No copilado as práticas umbandistas ainda eram pouco comentadas, sendo que os termos que se referiam as entidades e aos orixás nem sequer apareciam.
No livro A construção histórica da literatura umbandista o leitor encontra uma publicação cujo título é “O centro Espírita Nossa Senhora da Piedade” que foi veiculada no jornal e também fez parte desse inquérito. O artigo conta em detalhes a visita de Leal de Souza à tenda de Zélio de Moraes e em um dos trechos cita um dos fenômenos ao qual eleva-se o valor de milagres.
“— Pode dizer que apertou a mão de um espírito. À minha esquerda está uma irmã que entrou aqui como tuberculosa e à minha direita um irmão vindo do hospício. Curou os dois Nossa Senhora da Piedade. Pode ouvi-los. Junto ao senhor, naquele canto, está o espírito de uma senhora que diz ser sua mãe”.
Trecho artigo O centro Espírita Nossa Senhora da Piedade, de Leal de Souza.
Anos depois, mais precisamente em 1933 o escritor passa a integrar a coluna do jornal Diário de Notícias, e desta vez propõe-se a tratar mais precisamente dos fundamentos da Umbanda.
Dessa série de artigos originaram o livro O espiritismo, a Magia e as Sete Linhas da Umbanda. “Isso é o que nos oferece as páginas deste interessante livro que retrata os tempos heroicos em que umbanda, mesmo tendo conquistado os corações do povo por sua atuação na caridade e pela força de suas curas, ainda constituía, volta e meia, um caso de polícia, tal censura que se empunha aos cultos afro-brasileiros” narra Diamantino Trindade, no livro A construção Histórica da Literatura Umbandista.
Em meio a descobertas e experimentações Leal de Souza passa a integrar também o movimento Umbandista. Pratica sua fé e escreve sobre a religião que sofria forte repressão da ditadura Vargas em um período que falar sobre isso em jornal de grande circulação, era algo que beirava a criminalidade.
Entre visitas e escritas Leal transcreveu o que hoje pode se considerar os primeiros registros oficiais da Umbanda.
*O texto é um breve apanhado da vida do escritor. Em outras oportunidades colocaremos sobre outras contribuições de Leal de Souza para a Umbanda.
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Texto: Júlia Pereira
Imagem: Mandala dos Orixás