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Quem são os escravos libertos que retornaram para a África?

No período pós escravidão muitos brasileiros descendentes de africanos voltaram para África a fim de restabelecer os vínculos com a terra a qual sua família pertencia e pela qual foram arrancados a força, vítimas do tráfico negreiro.

Nessas excursões retornaram famílias inteiras para o continente africano. Só que o que essas pessoas não sabiam era que naquele momento, a África – que estavam acostumados – já não existia mais e muita coisa já havia mudado..

Na maioria dos casos eles eram deixados em localidades distantes de onde suas tribos originais estavam, normalmente desembarcavam em cidades litorâneas (de onde saíram a maioria dos africanos escravizados da época), onde hoje é Benim, Gana e Nigéria. Recém chegados, foram tratados como tal, agora eram estrangeiros e em cada uma dessas regiões ficaram conhecidos de uma maneira.

Em Gana, eram os “tabons”. A denominação faz referência a língua mãe deles, ou seja, o português. Por terem o costume (resultado da dificuldade em se comunicar) de responder a todas as perguntas com um sonoro ‘tá bom’, os povos nativos começaram a identifica-los com a fala marca registrada da sua “brasilidade”. Nesse momento outros grupos também surgiram e um deles são os Agudás que tem uma origem morfológica um pouco mais complexa.

No ano de 1580 os portugueses chegaram a cidade de Ouidah localizada na Costa Ocidental da África, onde hoje é o Benim. Ouidah para eles virou Ajudá e logo após se estabelecerem na cidade construíram um forte (onde defendiam seus interesses no tráfico de escravos), ao qual deram o nome de São João Batista de Ajudá.

Quando os ex-escravos retornam para África acabam tendo maior proximidade com os portugueses que encontravam-se nesse forte. Alguns deles – pasmen – chegam a participar do comércio de escravos e a eles é atribuído o nome de Agudás.

Os Agudás eram conhecidos pelas suas capacitações, já que no Brasil aprenderam executar tarefas que lhes renderam melhores condições de vida na África.

Hoje, participam da sociedade como qualquer outro africano, porém, ainda restaram características do tempo em que viveram no Brasil. Os sobrenomes em português são as coisas mais fáceis de identificar, assim como cânticos e rezas e o mais interessante nisso é que os descendentes dos Agudás seguem o catolicismo, tendo como santo protetor Nosso Senhor do Bonfim. Como bom brasileiros eles também festejam o carnaval e preparam a tradicional feijoada ou “kosidou”.

Foi no Benim que a cultura brasileira deitou as suas mais fortes raízes – ainda hoje, podemos encontrar aspectos evidentes materializados em sobre- nomes, construções (as mais antigas do país), comidas típicas, festas e até no tom de pele dos agudás, mais claro que o dos demais beninenses

Milton Guran*

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Texto: Júlia Pereira

Fontes de Pesquisa: 

Curso Candomblé – Religião, Cultura e Tradição

Tese: Bricolagem da Memória: fontes orais e visuais na construção da identidade agudá, Milton Guran.

BBC – Brasil

Imagem: Fronteiras e Trangressões

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Júlia Pereira

Acredito no poder da sabedoria ancestral da contação de histórias, como forma de cura, acolhimento e força. • Jornalista • Estrategista e Copywriter • Pós-graduada em Marketing, Branding e Growth • Estudante da EAD Ubuntu.

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