Silêncio, Obaluayê está em terra..

Se morrer é Omolu, fazer a passagem é Obaluayê. Passagem essa que reduz o espírito do ser até que ele possa “voltar a vida” em outro corpo, nascendo de novo em outra encarnação. Assentado no sexto sentido da vida ou linha de Umbanda, o Orixá rege o fator transmutador.

Junto de Nanã Buruquê Obaluayê atua no campo do saber evolutivo do ser, sustentando (auxiliando a dar continuidade) esse caráter e no caso de Nanã amparando seus desvios.

“O sentido da vida é o sentido da evolução.”

A citação acima é do sacerdote de Umbanda Pai Alexandre Cumino durante uma de suas aulas no ensino Orixás na Umbanda, nela ele apresenta as características de Pai Obaluayê e sua fundamentação nos mistérios de Deus.

Orixá universal que faz par com Nanã Buruquê, a ele se atribui o mistério ancião. Obaluayê é a sabedoria do mais velho e emana de si o que de mais bonito alguém pode exibir: a compreensão da vida, do outro e do existir. Pai Obaluayê representa a sapiência, a calmaria e sua irradiação está fortemente ligada a linha de trabalho dos Pretos Velhos.

Essas entidades que preferem o banquinho ao ficar em pé, que têm a fala mansa e baixinha e que se apresentam humildes até na forma de falar, confortam qualquer infortúnio e as poucas palavras se tornam – de maneira singular – o refúgio para os corações cansados.

Todo o padrão vibratório presente nesse arquétipo é força de Pai Obaluayê e Nanã Buruquê. É claro que existem Pretos Velhos que são regidos por outros Orixás, mas de uma maneira geral toda essa falange recebe as irradiações da linha da evolução ou da terra.

Universal e Cósmica

Alexandre Cumino fala sobre a atuação de Nanã e Obaluayê em nossa vida comparando-os ao funcionamento de um balão a gás, “quando a gente pensa em Obaluayê e Nanã Buruquê, virtude é o gás que faz o balão subir e os vícios são o contrapeso que puxam o balão para baixo. Obaluayê é quem enche o gás para o balão subir, Nanã é quem é ajuda a destruir esse contrapeso que puxa-o para baixo”.

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Sincretismo

Em algumas regiões do Brasil 16 de Agosto é dia de Obaluayê e isso ocorre em decorrência do sincretismo com São Roque. A história do santo católico conta, que em uma de suas peregrinações São Roque teve contato com vítimas da peste e mesmo correndo o risco de ser contagiado se prostou a ajuda-las.

Algumas partes do país sincretizam-no com São Lázaro comemorado em 17 de Dezembro e que segundo o dogma católico foi amigo de Jesus, sendo que o mesmo chegou a ressucitá-lo 3 dias depois que já haviam-no considerado morto. Esse simbolismo ligado à morte que aproxima a figura de São Lázaro as mitologias e ao mistério de Pai Obaluayê.

Diversas lendas africanas, que são contadas até hoje pelos conhecedores dos itans, falam sobre Obaluayê e a relação dele com as doenças, principalmente as de pele. Nesse contexto achamos o nome que acredita-se ter provindo da cultura Jejê dado ao Orixá: Xapanã.

Xapanã aparece no livro Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Prandi no mito “Xapanã ganha o segredo da peste na partilha dos poderes“. A narrativa conta como as doenças, a peste e a varíola foram atribuídas a Obaluayê.

“Só Xapanã poderia ajudá-los a conter a varíola, pois só ele tinha o poder sobre as pestes, só ele sabia os segredos das doenças.”

Sendo assim, evoluir do estado de doença para a cura é mistério de Obaluayê. Como Orixá bielemental ele traz a estabilidade necessária para que a vida se sustente e a transmutação para que não se paralise, por isso também Pai Obaluayê é considerado um Orixá terra-água, sendo que como terra ele gera de si a estabilidade e como água propicia a mobilidade dos seres. Seu campo de força é o cemitério e mais precisamente o cruzeiro das almas, onde acredita-se que por uma razão energética o lado esquerdo pertence a Omolu e o direito a Obaluayê.

Atotô Meu Pai! Silêncio porque Obaluayê está em terra..

 

Texto: Júlia Pereira

Imagem: Imagem retirada da internet (link para acesso)

 

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