O carnaval 2016 traz novidade para adeptos das religiões afro-brasileiras ou para quem saúda a linhagem dos malandros. A escola de samba Acadêmicos do Salgueiro trará como tema de desfile a figura desse personagem ligado a diversas crenças e religiões.
Reverenciado principalmente na Umbanda, a linha dos baianos remete a imagem do boêmio, namorador, carioca dos morros e que transpira brasilidade.
Em reportagem ao G1 o diretor de carnaval Dudu Azevedo, explica que o motivo da escolha desse personagem foi inspirado no próprio torcedor do salgueiro, que possui algumas dessas características.
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O enredo vai ser divido em atos como em uma ópera. Prostitutas, mendigos e cafetões serão interpretados nesse primeiro ato, dando ênfase a imagem desse segmento marginalizado e apontado pela sociedade. Já no segundo ato a inspiração vem do rei Nabucodonosor, e o malandro irá virar o Rei do Morro.
A ala inspirada na peça “Ópera de Malandro” de Chico Buarque trará um cenário que transporta a escola de samba para o ano de 1920, preferencialmente em um cabaré; lugar habitual da personificação dos malandros.
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Em meio a bebidas e jogos de azar as alegorias serão caracterizadas para que o público se enxergue nesse ambiente nos 17 minutos em que as escola passará pela avenida.
João Gustavo de Melo o criador do enredo, ressalta na reportagem, “É numa mesa de botequim, entre uma cervejinha e outra, que o malandro faz suas observações, cria suas frases de efeito, faz poesia e samba. No setor mais divertido do desfile a escola vai fazer uma crítica social e “bater cabeça” para os três tenores da malandragem: Bezerra da Silva, Dicró e Moreira da silva”.
LETRA DO SAMBA 2016 da ESCOLA:
Laroiê, mojubá, axé!
Salve o povo de fé, me dê licença!
Eu vou pra rua que a lua me chamou
Refletida em meu chapéu
O rei da noite eu sou
Num palco sob as estrelas
De linho branco vou me apresentar
Malandro descendo a ladeira… Ê, zé!
Da ginga e do bicolor no pé
“Pra se viver do amor” pelas calçadas
Um mestre-sala das madrugadas
Ê, filho da sorte eu sou
Vento sopra a meu favor
Gira sorte, gira mundo, malandro deixa girar
Quem dá as cartas sou eu, pode apostar!
O samba vadio, meu povo a cantar
Dia a dia, bar em bar
Eis minha filosofia
Nos braços da boemia, me deixo levar…
Eu vou por becos e vielas
Chegou o barão das favelas
Quem me protege não dorme
Meu santo é forte, é quem me guia
Na luta de cada manhã
Um mensageiro da paz
De larôs e saravás
É que eu sou malandro, batuqueiro
Cria lá do morro do salgueiro
Se não acredita, vem no meu samba pra ver
O couro vai comer!
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Texto: Júlia Pereira
Foto: Reprodução Facebook