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Por que a ‘violência contra a mulher’ foi um tema rechaçado por alguns segmentos da sociedade?

O tema pedido pelo MEC no ENEM deste ano, gerou muita polêmica em seu entorno. Mas, por que tantas pessoas são contrárias a menção de um assunto que visa debater sobre a integridade física e psicológica das mulheres? 

De início as redes sociais já se encheram de discursos (de homens e mulheres) mencionando o movimento feminista. Muitos destes, desmereciam a causa e relacionavam tanto ela como o tema da prova a uma doutrinação imposta por partidos políticos. Mas, o cerne da questão é:  por que um movimento que luta pelos direitos das mulheres e o tema que chama para discussão da violência sofrida por elas, incomoda?

Há quem acredite (ou pelo menos diga isto), que a opressão por gênero não exista. Mesmo com índices relevantes de violência praticada a mulher no Brasil o tema ainda segue irrelevante e desnecessário para algumas pessoas. Uma a cada cinco mulheres no país já foram espancadas por um de seus companheiros. Nesta mesma pesquisa realizada pela DataSenado, também foi revelado que entre o período de 2009 a 2015, 80% das mulheres entrevistadas tinham sofrido violência doméstica.

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Voltando a pergunta inicial do texto, o assunto colocado em questão pelo exame que contempla brasileiros de todo os cantos do país, propôs um debate (ainda não discutido na maioria das escolas de rede pública), sobre a situação atual da mulher em sociedade. Após isso o que se seguiu foi uma série de pessoas que iam desde quem se propunha a  deslegitimar movimentos como o feminismo a quem ‘lavava as mãos’ para a situação.

O que se observa em discussões que envolvem a equidade de direitos da mulher, até mesmo quando é algo que respalda nos direitos humanos fundamentais é a uma postura patriarcal. Não é exceção a mulher escutar desde criança onde é o seu lugar ou como ela deve se portar, o grande problema em sistemas de pensamentos como estes é que se alguma delas foge a regra, estará passível de ouvir “Mulher que se veste assim esta pedindo para ser estuprada“. E quando um cenário deste se faz presente é necessário sim, falar sobre a violência contra a mulher.

Se hoje a mulher pode sair trabalhar sem ter que pedir autorização ao marido, pode eleger seus representantes políticos e tiveram a oportunidade de realizar o ENEM (até 1879 ingressar no ensino superior era direito inerente apenas ao homem), isso se deve a todas as pessoas que transgrediram, desengessaram e movimentaram seus pensamentos. E isso não aconteceu somente após a concepção do que é o feminismo. Dentro de suas problemáticas diversas mulheres de todo o mundo ajudaram a construir ideais, travar lutas e possibilitar conquistas.

A defesa de acontecimentos como estes,  incomoda. E vai continuar incomodando enquanto o opressor se beneficiar de privilégios dentro da situação. Mas, incoerentemente incomoda também a quem se prejudica com esta cultura, a mulher que inexiste para o patriarcado, é ensinada a reproduzir todos os seus contrapontos, e assim repassa-los fielmente.

A redação do ENEM pode não ter feito diferença nos números relativos a persistência da violência sofrida pela mulher brasileira, e nem é seu objetivo, mas a mensagem que ela trouxe consigo tem um passado, uma história e um caminho extenso a ser trilhado.

Texto: Júlia Pereira

Links úteis:

Campanha Compromisso e Atitude – Lei Maria da Penha

Aplicativo PLP 2.0

Universidade Livre Feminista

Revista AzMina

Júlia Pereira

Acredito no poder da sabedoria ancestral da contação de histórias, como forma de cura, acolhimento e força. • Jornalista • Estrategista e Copywriter • Pós-graduada em Marketing, Branding e Growth • Estudante da EAD Ubuntu.

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