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É pra Bahia! – Linha de Baianos na Umbanda

A Linha de Baianos reflete o arquétipo do rural migrado e já adaptado à zona urbana, essa linha de trabalho vai servir de ponte para os migrantes através da semelhança de identidade.

Pai Rodrigo Queiroz


O surgimento da Linha dos Baianos ganha destaque na Umbanda entre as décadas de 50 e 60, pós revolução industrial, quando se implantou o trabalho manufaturado. Com a mudança no modelo de se trabalhar inicia-se o movimento de migração do camponês para a zona urbana.

pau de arara
Imagens Google

Esse trabalhador vem para a cidade em busca de melhores condições de trabalho e vida. No cenário novo, encontra aspectos totalmente diferentes dos habituais. Há então, a dificuldade e insegurança em relação ao novo modelo de vida. Mas mesmo com todas essas adversidades, continuam vindo para a cidade e acabam permanecendo nela.

O que impulsionou o êxodo na época era a grande oferta de emprego. Surgiram mais oportunidades de trabalho com o novo modelo de produção. E a vinda para a cidade também possibilitava a fuga da seca que seguia castigando o nordeste brasileiro.

Neste trajeto houve um choque de cultura, quando camponês repleto de sua religiosidade, de tradições e de características de quem viveu a vida inteira na zona rural chega aos grandes centros urbanos. A identidade religiosa desse povo era peculiar e se fundia com vários conceitos.

Costumavam ir a igreja ou a capela católica, mas se a estiagem apertasse ou se houvesse algum problema com doenças, criança com o bucho virado e afins, eles não hesitavam em procurar um benzedeiro. Essa forma com que viviam a religião, se dá por suas condições de vida. Na falta do atendimento médico, uma oração e um terço resolvia, mas se o mesmo não surtisse efeito recorria-se a ajuda de um benzedeiro. A figura do benzedeiro ou rezador naquele tempo era envolta por esteriótipos místicos, considerados contraditórios pelo dogma católico. Portanto, a pluralidade é uma tendência muito forte do Povo Baiano.

O Baiano aparece nesse momento de transição do país, tem o papel de acolher o camponês que está constrangido e até mesmo perdido naquela realidade em que tudo é novo e as dificuldades são grandes. Para esse segmento populacional ir para a igreja católica não os deixava confortáveis, naquele momento as igrejas dos centros urbanos eram em sua maioria burguesas, onde os patrões e suas senhoras frequentavam. As famílias tradicionais estavam todo domingo na missa, em suma, a igreja era lugar para os abastados.  E mesmo sendo uma instituição aberta a todos, como a casa de Deus, não era dessa forma que muitas vezes eles eram percebidos.

Com isso, os terreiros de Umbanda, que nesse período passavam por ataques por parte da Igreja Católica e mais pra frente iriam tomar um impulso de crescimento apoiados nas primeiras conquistas, como o direito de se registrarem em cartórios, foram os locais que esse povo encontrou espaço para exercer a sua religiosidade.

Arquivo Instituto Cultural Aruanda
Arquivo Instituto Cultural Aruanda

A identificação com a sua cultura é ponto crucial para esse relacionamento, ao entrar no terreiro ele se depara com um altar que de certa forma recorda a sua religião, lembra também o altar do benzedeiro e a sua fé. Começa então a se sentir a vontade nesses centros.

O Baiano vem para falar a mesma língua dele, para se comunicar de forma que esse imigrante se sinta a vontade, falando sobre assuntos e interesses em comum. Sempre muito alegres, brincalhões, amigos, se apresentam de uma forma despachada. A ideia dessa linha é mostrar que o baiano é o camponês que já está adaptado a cidade. Nesse momento ele contextualiza-se no campo de fé, para promover a  acolhida a esse povo.

A característica inclusiva da Umbanda compõe e legitima esses espíritos. No processo histórico vai haver sempre uma referência a pluralidade e também a origem do Brasil, que foi “descoberto” pelos portugueses na região da Bahia. A Umbanda como religião genuinamente brasileira tem esse viés de acolhimento de novos agrupamentos e diversidades. Mas, mesmo com isso, nem sempre o espírito que está se manifestando é de um baiano verdadeiramente que viveu na Bahia. Muitas vezes, esse espírito apenas compactua das mesmas características e intua deixar a mesma mensagem. Uma comprovação disto, é a forma como eles resolvem os problemas, sempre utilizando-se das mirongas nos trabalhos.

Essa forma de tratar advém de espíritos que em terra, viveram como médiuns, ex sacerdotes, religiosos e que após o desencarne voltam para continuar o trabalho espiritual aqui. O conhecimento para lidar com o magístico vem dessa abordagem, de terem vivido como; quimbandeiros, sacerdotes de Candomblé, entre outras vertentes, e com isso possuem vasta sabedoria no manuseio de mirongas.

Imagens Umbanda EAD
Imagens Umbanda EAD

Se você quer descobrir mais sobre os conhecimentos, que esses ancestrais continuam desenvolvendo, agora no plano espiritual, configurando assim, a Linha dos Baianos >> participe << do novo Workshop gratuito da plataforma Umbanda EAD. O curso disponibilizado via plataforma on line possibilita o aprendizado de trabalhos realizados nessa linha, afim de promover qualidade de vida e muita alegria ao lidar com as adversidades do dia-a-dia. As aulas são ministradas pelo Sacerdote Thiago Augusto, do Instituto Cultural Sete Porteiras do Brasil.

Santo Patrono: Nosso Senhor do Bom Fim e Nossa Senhora das Candeias


Ponto de Baiano - Baiano é povo bom

“Baiano, é povo bom, 

tem mironga no congá,

mandinga ele traz feitiço no samba.. 

Samba Baiano, Samba Sinhá,

baiano vai embora levando todos os má..”

Salve a Linha dos Baianos!

Júlia Pereira

Acredito no poder da sabedoria ancestral da contação de histórias, como forma de cura, acolhimento e força. • Jornalista • Estrategista e Copywriter • Pós-graduada em Marketing, Branding e Growth • Estudante da EAD Ubuntu.

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